Uma fábrica clandestina de cigarros em Vigário Geral, bairro da zona norte do Rio, mantinha 22 paraguaios em condições de trabalho análogo à escravidão. O Ministério Público Federal (MPF), em ação conjunta com a Polícia Federal e a Polícia Civil, na última segunda-feira (12), desarticulou a atividade ilegal.
Cinco homens brasileiros foram presos em flagrante por suspeita de atuarem como gerentes e supervisores. A estrutura da fábrica abastecia o mercado ilegal de cigarros em diversas regiões do estado.
Os responsáveis poderão responder por tráfico internacional de pessoas, submissão a trabalho escravo, formação de organização criminosa, crime contra a saúde pública, falsificação, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção.
Segundo a investigação, os paraguaios submetidos a trabalho forçado podem ter sido cooptados com promessas de trabalho na indústria têxtil e na construção civil. Eles eram mantidos em condições degradantes, de higiene precária e alojamento insalubre.
:: Quer receber notícias do Brasil de Fato RJ no seu WhatsApp? ::
“O tráfico de trabalhadores paraguaios para fábricas clandestinas de cigarro é uma rota recorrente no Brasil, pois essa mão de obra especializada é bastante comum naquele país, o que torna essas vítimas vulneráveis a esse tipo de exploração”, diz o comunicado das forças de segurança e do MPF.
Organização criminosa
A fábrica estourada esta semana, segundo a investigação, pertence ao contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, foragido da Justiça. As circunstâncias do crime revelam uma dinâmica ligada à mesma organização criminosa investigada na Operação Libertatis.
Na época, 23 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão foram cumpridos na zona oeste do Rio e na Baixada Fluminense para desarticular uma organização criminosa especializada na fabricação e comercialização clandestina de cigarros.
Foi identificado uma rede estruturada de tráfico de pessoas e fabricação clandestina de cigarros, com atuação em diferentes municípios do Rio e ligação com agentes públicos, com emprego de mão de obra de estrangeiros mantidos em regime de trabalho análogo à escravidão.
As investigações iniciaram com a descoberta de três fábricas clandestinas de cigarros nos municípios de Duque de Caxias e Paty de Alferes, entre 2022 e 2024.