Uma partida de futebol do Capixabão Sub-20 foi interrompida, já nos minutos finais, após uma confusão generalizada e acusações de racismo. O jogo entre Forte F.C. e Serra aconteceu no sábado (10), no estádio José Carneiro, em Afonso Cláudio.
A Polícia Militar confirmou que um dos jogadores foi levado para a delegacia após as acusações de proferir frases de cunho racista, mas não especificou de qual time. No entanto, a Polícia Civil informou que não localizou a ocorrência.
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Jogador relata ter sido alvo de ofensas racistas
O jogo, válido pelas quartas de final do Capixabão Sub-20, terminou com vitória do Forte F. C. por 5 a 2 sobre o Serra. Porém, ficou marcado por uma confusão entre jogadores e torcedores nos minutos finais, dentro de campo.
Jogador do Forte F.C., Pietro Micenio relatou, nas suas redes sociais, ter sido a vítima de racismo. De acordo com ele, o autor das ofensas foi um dos pais dos jogadores do time adversário.
Durante o jogo, um pai de um dos jogadores adversários se dirigiu a mim com ofensas inaceitáveis, me chamando de ‘macaco’. É revoltante e profundamente doloroso vivenciar esse tipo de agressão, principalmente em um ambiente que deveria promover respeito, união e espírito esportivo, contou Pietro Micenio.
Veja a postagem do jogador do Forte FC:
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Técnico do Serra também foi alvo
Do outro lado, o técnico do Serra, Rick Gomes, também teria sido vítima de ofensas racistas. Na súmula do jogo, o árbitro Elias Gomes Bathe registrou que soube, pelo auxiliar técnico Jonathan Boaventura, que o treinador do time serrano teria sido alvo de racismo.
Rick Gomes também postou um relato nas redes sociais, confirmando as ofensas.
Hoje perdemos o 1° jogo das quartas de final do Estadual Sub-20! Dia para ser esquecido, equipe adversária soube usar nossas fraquezas e saíram vencedores na bola! Hoje também foi um dia diferente e atípico, que eu nunca tinha passado na vida, mas como ouvi de alguns, ‘foi a primeira e não será a última…’. Fui vítima de racismo ao final da partida, coisa que nunca tinha presenciado… Ser chamado de Preto, de Macaco, da forma como foi, não desejo isso a ninguém!’ escreveu o treinador do Serra na categoria sub-20.
Veja a postagem do treinador do Serra:
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Súmula conta que jogador foi levado para delegacia
De acordo com a súmula da partida, a confusão generalizada começou aos 46 minutos do 2º tempo, envolvendo diversos atletas de ambas as equipes, “sendo que diversas tentativas de socos e chutes foram vistas pela equipe de arbitragem”.
A confusão iniciou, segundo consta no documento, após um jogador do Forte F.C. cair fora de campo e seu companheiro de time puxá-lo para dentro da área, em busca de interromper a partida para atendimento médico.
“A fim de retardar o reinício de jogo através de uma ação anti-desportiva, momento este que um desentendimento entre atletas de ambas as equipes iniciou, sem a possibilidade de identificar os infratores de forma imediata, por se tratar de uma confusão generalizada”, registrou o árbitro Elias Gomes Bathe, na súmula da partida, que reforçou que na confusão estavam presentes torcedores e membros da equipe técnica de ambas as equipes.
A súmula diz ainda que, após a confusão, a equipe de arbitragem foi abordada várias vezes pela equipe do Serra informando que um de seus integrantes sofreu racismo, “fato este que não foi observado por nenhum membro da equipe de arbitragem”, informa o documento.
Além disso, o árbitro informou na súmula que, com a chegada da Polícia Militar, a partida foi interrompida porque a guarnição informou que não poderia garantir a segurança dos envolvidos.
Disse ainda que o jogador do Forte F.C. acusado de ser autor de ofensas racistas, foi levado, junto da vítima, à Delegacia em Venda Nova do Imigrante.
“Totalmente inaceitável”, protesta o Serra
Em nota publicada pelo Serra F.C, o clube repudia a resposta da arbitragem sobre o ocorrido.
Segundo o clube, desde o início da partida um dos jogadores do time adversário proferiu palavras de cunho racistas tendo como alvo o técnico da equipe, o chamando de “macaco”.
A resposta por parte da arbitragem através da súmula da partida, reportada no dia 12 de maio, é totalmente inaceitável. Além de não relatar invasão da torcida mandante para agredir nossa equipe, de não relatar que a confusão foi iniciada por parte da equipe mandante que invadiu o campo com sua comissão, fazendo com que nossa equipe reagisse para resguardar a integridade dos atletas, também se omitiu diante do grave crime de racismo presenciado por diversas pessoas, e que foi relatado a equipe de arbitragem durante todo o jogo e nenhuma providência foi tomada.
Federação publica nota de repúdio
A Federação de Futebol (FES) publicou nesta segunda-feira (12) uma nota de repúdio sobre o caso. E informou que a súmula e os eventos que aconteceram na partida serão encaminhados para o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-ES) para providências.
Este e outros eventos identificados nesta partida serão direcionados pela FES ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-ES) para providências. Reafirmando o compromisso com a igualdade e a dignidade de todos, defendemos uma sociedade formada pela diversidade racial e não podemos tolerar nenhuma forma de discriminação, seja dentro ou fora dos gramados, cabendo aos infratores a aplicação da lei, com rigor e eficiência, divugou a FES.
A diretoria do Forte F.C. foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.
