Chás gelados, deliverys e energias renováveis: para onde irão R$ 27 bi anunciados por Lula na China

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) anunciou um total de R$ 27 bilhões em investimentos de empresas chinesas em território brasileiro. Os recursos serão destinados para os setores de delivery, fast food e energias renováveis.

Os anúncios foram feitos nesta segunda-feira (12), durante o Seminário Empresarial Brasil-China, encerrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Pequim, na capital chinesa.

Entre as empresas investidoras está a Meituan, líder no mercado de entregas na China. A empresa anunciou um investimento de R$ 5,6 bilhões em cinco anos. A expectativa é gerar 100 mil empregos indiretos e concorrer com o Ifood. No Brasil, o grupo atuará com a marca Keeta, já utilizada em Hong Kong e na Arábia Saudita.

Outra empresa é a Mixue, a maior rede de fast food do mundo, com 45 mil lojas, à frente até mesmo do Mc Donald’s. O grupo passará a importar frutas do Brasil para a produção de sorvetes e bebidas geladas. No total, o capital investido será de R$ 3,2 bilhões.

A Envision também anunciou investimentos de até R$ 5 bilhões num parque industrial para a produção de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) e hidrogênio verde.

Além disso, foram anunciados R$ 6 bilhões da Great Wall Motors (GWM), uma das maiores montadoras chinesas; R$ 3 bilhões da estatal chinesa de energia nuclear CGN para construir uma rede de energia renovável no Piauí; e R$ 2,4 bilhões do grupo minerador Baiyin Nonferrous para a compra de uma mina de cobre em Alagoas.

Após o encerramento do encontro, Lula afirmou que, “na última década, a China saltou da 14ª para a 5ª posição no ranking de investimento direto no Brasil. Trata-se do principal investidor asiático em nosso país, com estoque de mais de US$ 54 bilhões”, citou o presidente após o evento.

“A China tem sido tratada, muitas vezes, como se fosse uma inimiga do comércio mundial quando, na verdade, a China está se comportando como um exemplo de país que está tentando fazer negócios com os países que foram esquecidos nos últimos 30 anos por muitos outros. É importante a gente lembrar”, continuou.

O presidente Lula também falou sobre a necessidade de exportar produtos com mais valor agregado. “Tem gente que reclama que o Brasil exporta para a China só produtos agrícolas e minério de ferro, ou seja, só commodities. E eu queria só dizer para as pessoas que pensam assim que para que a gente possa fazer investimento em produtos mais refinados, sofisticados, com mais ascensão tecnológica, é preciso a gente lembrar que durante muito tempo o Brasil deixou de investir em educação. É importante lembrar que a gente não vai conseguir ser competitivo no mundo tecnológico, no mundo digital, se a gente não investir na educação”, disse Lula.

“Nós temos que exportar o agronegócio e utilizar o dinheiro que entra no Brasil para investir em educação. Para a gente ser competitivo com a China na produção de carro elétrico, de baterias, na construção de IA. Ninguém vai dar isso de graça para nós. Nós temos que buscar a confiança de parceiros para que eles possam compartilhar conosco aquilo que eles sabem fazer. É isso que nós estamos fazendo com a China”, concluiu o presidente.

A China, a segunda maior economia global, destaca-se como o principal investidor asiático no Brasil e o destino primordial das exportações brasileiras. Impressionantemente, 28% do valor total exportado pelo Brasil tem como destino a China, que também é responsável por 41,4% do superávit comercial brasileiro. 

As commodities lideram essa relação comercial, com soja (33,4%), petróleo bruto (21,2%) e minério de ferro (21,1%) representando, em conjunto, 75,6% de tudo que o Brasil vende para o país asiático. No ano anterior, o Brasil firmou sua posição como o maior fornecedor de carne bovina, carne de aves, soja, celulose e açúcar para o mercado chinês.

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