
O Dia das Mães, celebrado no segundo domingo de maio no Brasil, tem origem nos Estados Unidos, onde Anna Jarvis criou a data em 1908 para homenagear sua mãe falecida. A campanha dela levou o Congresso estadunidense a oficializar a comemoração em 1914. No Brasil, a data foi instituída em 1932 por Getúlio Vargas, visando tanto o aspecto afetivo quanto o estímulo ao comércio.
No mercado, o Dia das Mães é uma das datas mais importantes para o varejo, perdendo apenas para o Natal. Setores como floricultura, moda, cosméticos e eletrônicos movimentam bilhões de reais anualmente. Em 2023, por exemplo, as vendas superaram R$ 30 bilhões, segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico). Presentes tradicionais como perfumes e chocolates dividem espaço com itens tecnológicos, refletindo mudanças nos hábitos de consumo.
Novas relações
Além do impacto econômico, a data também evidencia transformações nas relações sociais e econômicas das mulheres. Com a crescente inserção feminina no mercado de trabalho (elas representam, hoje, cerca de 45% da força laboral no Brasil), muitas mães assumem duplas ou triplas jornadas, equilibrando carreira, cuidados familiares e vida pessoal. A data, portanto, tornou-se também um momento para discutir desigualdades, como a diferença salarial e a sobrecarga doméstica.
Nos últimos anos, presentear no Dia das Mães ganhou novos significados. Viagens ou jantares são experiências cada vez mais valorizadas. Além disso, a diversidade de estruturas familiares, com mães solo, casais homoafetivos com filhos e avós que assumem o papel materno, desafia os tradicionais modelos de celebração.
Professora de psicologia da Estácio, Ana Cláudia Carvalho destaca que, para além dessa data, é preciso oferecer condições para que as mães tenham a oportunidade de cuidarem de si mesmas. “Essa sobrecarga de tarefas traz consigo a culpa materna. Às vezes a gente não se permite esse autocuidado, que seja uma atividade física, uma terapia, um momento para si”, comenta. Ao constatar que, no dia a dia, muitas mães acabam priorizando os outros – filhos, marido, casa, elas acabam se deixando em segundo plano. “Então que seja um dia para a gente refletir que essas mães precisam se cuidar para poderem cuidar também: é cuidado para quem cuida”, finaliza.
Com todas essas transformações, o Dia das Mães no Brasil vai além do afeto e do consumo: é um reflexo das mudanças na sociedade, no poder econômico feminino e na necessidade de avanços em igualdade de gênero.
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos canais no WhatsApp e YouTube e do grupo no Telegram.