50 anos do incêndio do Joelma: Um trauma na capital paulista

Há 50 anos, em 1/2/1974, o incêndio do edifício Joelma, em São Paulo, comoveu o país: 188 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas.
O fogo no Joelma começou às 8h45, com curto-circuito num aparelho de ar-condicionado no 12º andar. As salas tinham divisórias e móveis de madeira, pisos acarpetados, cortinas de tecido e forros de fibra sintética, o que propiciou o avanço rápido das chamas. A temperatura no interior do prédio chegou a 700ºC.
Muitas pessoas ficaram encurraladas nos escritórios e várias se jogaram pela janela. Num dos episódios mais dramáticos, uma mulher se jogou segurando o filho de 1 ano e meio, e a criança conseguiu sobreviver sobre a mãe.
Muitas pessoas foram ao terraço na esperança de resgate por helicóptero, como havia ocorrido dois anos antes, no incêndio do edifício Andraus. Mas não havia a mesma estrutura e as aeronaves não tinham como pousar.
Os resgates foram feitos com escadas magirus de 45 metros de extensão, mas o prédio tinha 25 andares. Foram 10 horas de combate ao incêndio e resgate de pessoas, em cenas que repercutiram no noticiário e deixaram traumas.
O prédio foi reaberto em 1978, depois de 4 anos de reforma e ganhou novo sistema de segurança. Hoje se chama Praça da Bandeira (rebatizado em 2000) e abriga salas comerciais.
Para muitos, o edifício é mal-assombrado. E a mística de maldição envolvendo o lugar é reforçada pelo Crime do Poço: em 1948, um rapaz matou a mãe e as irmãs e depois se suicidou. A casa da família (foto) ficava uma quadra à frente de onde o Joelma viria a ser construído.
Dois anos antes do incêndio no Joelma, em 24/2/1972, 16 pessoas morreram e 320 ficaram feridas num incêndio no edifício Andraus, também em São Paulo.
O prédio comercial tinha 27 andares e o fogo começou com um curto-circuito nos cartazes da loja Pirani. Muitas pessoas se salvaram porque a laje permitia o pouso de helicóptero para resgate.
Outros incêndios de grande porte também marcam a história de tragédias no Brasil.
Em 27/4/1976, 41 pessoas morreram e 60 ficaram feridas no incêndio do edifício onde funcionavam as Lojas Renner, em Porto Alegre (RS). Depois, o prédio foi implodido.
Em 14/2/1981, o Edifício Grande Avenida, em São Paulo, teve 14 dos 19 andares destruídos pelas chamas. O fogo foi causado pela sobrecarga elétrica no prédio. 17 pessoas morreram e 100 ficaram feridas.
Em 25/2/1984, pelo menos 93 pessoas morreram no incêndio que atingiu a Vila Socó, em Cubatão (SP). Ele número oficial já foi contestado.
Pouco antes, 700 mil litros de gasolina vazaram de um duto da Petrobras. Não se sabe se o fogo foi causado por curto-circuito ou uma faísca de fósforo. Mas se alastrou rapidamente, atingindo 1.200 barracos e deixando 3 mil desabrigados.
Em 17/2/1986, um curto-circuito no ar-condicionado no 9º andar causou um incêndio que matou 21 e feriu 50 pessoas no edifício Andorinhas, no Centro do Rio de Janeiro. A precariedade da estrutura de prevenção de incêndio e a falta de água em hidrantes dificultaram e atrasaram o combate às chamas.
Em 20/6/2000, uma peça de roupa caiu no aquecedor na creche Casinha da Família, em Uruguaiana (RS), causando um incêndio que matou 12 crianças, que haviam sido deixadas sozinhas. A diretora da creche e uma auxiliar foram condenadas por homicídio culposo.
Em 24/11/2001, o Canecão Mineiro pegou fogo, deixando 7 mortos e 197 feridos. A boate não tinha alvará nem proteção contra incêndio, que começou quando um músico acendeu um sinalizador.
O caso do Canecão lembra o da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), onde um músico acendeu um sinalizador causando incêndio em 27/1/2013. Mas o número de mortos foi bem maior: 242. E houve 636 feridos. A maioria não conseguiu encontrar a saída.
Em 5/10/2017, o vigilante noturno Damião Soares dos Santos, da creche Gente Inocente, em Jarnaúba (MG) ateou fogo em si mesmo, em uma professora e várias crianças. Um incêndio tomou conta do imóvel. Catorze pessoas morreram (incluindo o assassino) e 37 ficaram feridas.
Em 8/2/2019, 10 jovens atletas da categoria de base do Flamengo, entre 14 e 17 anos, morreram num incêndio no Centro de Treinamento George Helal, o Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro. Oito pessoas foram indiciadas nas investigações.
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