‘É difícil de imaginar’, diz Celso Amorim sobre entrada da Ucrânia na Otan

O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, ao fim da viagem à Rússia, em que acompanha o presidente Lula em visita oficial, declarou neste sábado (10) que não consegue imaginar a possibilidade da Ucrânia entrar na Otan no contexto das negociações sobre a guerra.

Em conversa com a imprensa brasileira, o embaixador fez um balanço da viagem à Rússia e falou sobre os principais desafios da política externa do Brasil, em particular sobre a guerra da Ucrânia. Ao responder ao Brasil de Fato sobre o andamento das negociações em relação à Otan e as discussões sobre o ingresso – ou a recusa – de Kiev na aliança militar, Amorim disse que é “difícil imaginar” isso acontecendo.

“Eu acho que a entrada da Ucrânia na Otan é difícil de você imaginar. Volto a dizer, não é uma questão moral, mas é muito difícil para eles [russos]. Eles sempre viram a Ucrânia, sobretudo a parte oriental da Ucrânia, como parte da Rússia, sempre vira como um trajeto natural para Napoleão, Hitler, entrarem aqui. Então [a Ucrânia] entrar na Otan eu acho muito difícil que eles aceitem”, completou o embaixador.

A visão da diplomacia brasileira contrasta com a estratégia com a posição ocidental, e principalmente da Ucrânia, que enxerga o futuro na aliança como uma garantia de segurança.

O novo ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, declarou recentemente que considera o caminho da Ucrânia para a Otan como um processo “irreversível”. Segundo ele, está claro que a Ucrânia está dando continuidade ao processo de adesão à União Europeia e à Otan.

“Na Otan, concordamos conjuntamente que a Ucrânia está a caminho de se juntar à aliança de defesa e que esse caminho é irreversível. A Alemanha adere a essa decisão”, destacou.

Ao comentar se a visita à Rússia no atual período de guerra, gerando críticas do Ocidente, em particular da Ucrânia, poderia gerar um custo político para o Brasil, Celso Amorim relativizou a ideia. Segundo ele, o “benefício é a paz”.

Ainda sobre a viagem da delegação brasileira à Rússia e os seus significados, o assessor especial da Presidência falou sobre a importância da celebração dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, citando a Batalha de Stalingrado como um marco definidor da luta contra o nazismo.

“O Ocidente procurou dar a impressão de que foi o ‘Dia D’ que decidiu a guerra. Claro que o ‘Dia D’ foi importantíssimo e o dia em que a gente for convidado para o Dia D a gente vai […]. Mas o Dia D só foi possível porque a Batalha de Stalingrado mudou a guerra, mudou o sentido da guerra, [os russos] perderam 23 milhões de pessoas”, completou.

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