Moradores do bairro Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo (SP), relataram momentos de medo e apreensão na noite desta sexta-feira (9). Trabalhadores deixaram seus postos mais cedo e estudantes foram orientados a ir para suas casas antes do final da aula.
Vídeos que circulam nas redes sociais e obtidos pelo Brasil de Fato mostram a Polícia Militar de São Paulo circulando na região com blindados do choque. Em um desses vídeos, é possível ver os agentes de segurança atirando para cima, seguidos por vários carros da polícia.
A operação da polícia teria sido uma resposta a um ataque contra um policial militar, que foi baleado dentro de uma viatura na região, na quarta-feira (7). Ele segue internado. Um dia depois, durante a ação desta quinta-feira (8), dois homens teriam sido mortos. Um deles, suspeito de ter atacado o policial, foi identificado como Edmilson Barreto de Oliveira, segundo informações da TV Globo.
A presença ostensiva dos agentes na rua assustou os moradores. “A escola da minha filha e sobrinho liberaram alunos mais cedo, teve escola que nem teve aula no período noturno, meu curso liberou as pessoas mais cedo por conta da tensão e medo, pessoas dormindo com barulho de sirene no ouvido”, relatou uma moradora nas redes sociais. “Não chegamos em casa tranquilos, trabalhadores e estudantes não chegaram tranquilos, ninguém saiu na rua com medo, não dormimos tranquilos!!”, afirmou outra.
Ao Brasil de Fato, um morador afirmou que a situação de medo começou a se instalar por volta das 17h, principalmente no Barro Branco, onde há um conjunto habitacional que comporta mais de 10 mil pessoas. “O comércio fechou mais cedo, o pessoal ficou apavorado. Agora pela manhã está ficando mais tranquilo”, disse o morador.
Outra moradora afirmou que chegou a circular na região na noite desta quinta-feira a informação de que um toque de recolher seria imposto. “Ontem a Cidade Tiradentes estava aterrorizada com essa informação do toque de recolher. Então as escolas soltando seus alunos, os professores desesperados para ir embora. Ontem à noite eu precisei ir ao supermercado e os funcionários estavam desesperados.”
“Acho que realmente se instaurou esse terror mesmo no território na noite de ontem. As pessoas não sabiam o que era verdade e o que era mentira. E aí muita gente não quis realmente pagar para ver assim e de fato se recolheu dentro das suas casas. Então, ontem, depois das 22 horas, a cidade Tiradentes realmente era tipo um grande breu”, afirmou.
Em nota, a Polícia Militar informou que “reforçou o policiamento na região com o objetivo de prevenir novos ataques e garantir a segurança dos moradores. A instituição ressalta que não há qualquer determinação de ‘toque de recolher’, e que todas as ações são pautadas pela legalidade e respeito aos direitos humanos. A Corregedoria permanece à disposição para apurar eventuais denúncias”.