A cidade de Assis, na Itália, foi palco de um encontro da Ordem dos Frades Menores (OFM): o Congresso Internacional de Irmãos Leigos. O encontro se deu após dois anos de preparação em todo o mundo, em nível de conferência, de 28 de abril a 2 de maio, apontando os representantes eleitos para o congresso onde foram debatidos os temas Fraternidade e Minoridade, Missões e Evangelização, Formação e Estudos.
As atividades tiveram como foco a reflexão sobre a identidade e a missão dos irmãos leigos na contemporaneidade, com destaque para a vivência da fraternidade, o estímulo à formação contínua e o fortalecimento do compromisso com a evangelização e o serviço aos mais necessitados.
Durante os cinco dias de programação, os participantes compartilharam experiências, testemunhos e práticas que reforçam o carisma franciscano na vida cotidiana. A comissão organizadora ressaltou a riqueza da diversidade cultural dos frades presentes e apontou o evento como oportunidade valiosa de integração e fortalecimento da vida comunitária dentro da Ordem.
Destaque para a presença brasileira
O Brasil esteve fortemente representado no congresso, com a participação de frades de várias províncias. O Brasil de Fato RS e o Instituto Cultural Padre Josimo mantiveram contato com o frei Patrício Ceretta, que acompanhou todas as atividades do encontro. Segundo ele, a participação brasileira reforçou o empenho das províncias em fortalecer a vocação dos irmãos leigos e renovar sua presença nas comunidades locais, mantendo viva a herança de São Francisco de Assis no contexto brasileiro e latino-americano.
Na dinâmica proposta foram realizadas palestras seguidas de debates em grupo, retornando à assembleia com propostas a serem apresentadas ao governo geral da ordem que em sua quase totalidade se fazia presente. Conforme explicou frei Patrício, esse encontro tem a tarefa de propor algo concreto para o capítulo geral que vai acontecer em 2026, justamente com uma preocupação da ordem com a questão da clericalização e a necessidade de propor processos formativos, de evangelização e de vida fraterna a partir dessa primeira experiência nossa comum, que é o “ser irmão”.
Frei Patrício apresenta o recorte final da fala do Ministro Geral, que destacou a importância da identidade dos Frades Menores como irmãos, para além de qualquer distinção entre clérigos e leigos. Em sua mensagem, ele recordou as palavras do Testamento de São Francisco: “O Senhor me deu irmãos”, destacando como essa fraternidade é o coração do carisma franciscano.
O ministro também refletiu sobre a necessidade de uma profunda conversão de mentalidade e cultura na Ordem, alertando contra o clericalismo que pode deformar o carisma franciscano. Ele convidou todos os frades a retornarem às suas fraternidades com o coração renovado, levando consigo a visão e a proximidade de Jesus a serviço do povo de Deus.
Resultados e encaminhamentos
O congresso deixou frutos concretos para a caminhada da Ordem. Entre os principais resultados está o reconhecimento renovado da vocação dos irmãos leigos, com valorização do seu papel na missão franciscana.
Também pode ser destacado o fortalecimento dos laços internacionais, promovendo intercâmbio entre frades de diferentes regiões e culturas e o compromisso com a formação permanente, visando uma atuação mais qualificada e espiritualmente enraizada.
Ainda se aponta como destaques o encorajamento à evangelização e ação social, especialmente entre os mais pobres e vulneráveis, bem como a definição de diretrizes para o futuro, com propostas para sustentar e aprofundar a missão dos irmãos leigos nos próximos anos.
Com ampla repercussão entre as fraternidades da Ordem dos Frades Menores, o congresso serviu para reafirmar o compromisso com uma vida fraterna, simples e comprometida com o Evangelho – alicerçada no exemplo de São Francisco de Assis e voltada aos desafios do mundo atual.
