Tudo o que você precisa saber sobre a 5ª Feira da Reforma Agrária que começa nesta quinta (8) em SP

Começa nesta quinta-feira (8) a 5ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O evento acontece até o próximo domingo (11), no Parque da Água Branca, Zona Oeste de São Paulo (SP), com entrada gratuita e expectativa de público de 300 mil pessoas.

Mais do que uma feira de comercialização de alimentos produzidos por famílias assentadas e acampadas de todas as regiões do país, a atividade é considerada pelo MST como uma celebração do projeto popular de Reforma Agrária. Além dos produtos agroecológicos, o público encontrará lançamentos de livros, oficinas, debates, apresentações culturais e outros espaços formativos que buscam fortalecer a luta pela terra.

“De 8 a 11 de maio de 2025, o coração de São Paulo voltará a pulsar no compasso da luta camponesa”, afirma o MST, em nota divulgada nas redes sociais. “Será uma amostra da Cultura Sem Terra, semeada com agroecologia e cuidado com a natureza.” A última edição ocorreu em 2023, reunindo milhares de visitantes e cerca de 1.200 toneladas de alimentos comercializados.

Confira aqui a programação completa.

Além da feira de produtos e da programação cultural, a Feira da Reforma Agrária também será um espaço de formação e debate. Seminários, rodas de conversa e oficinas vão tratar de temas como a produção de alimentos saudáveis, o papel da agroecologia diante das mudanças climáticas e o direito à terra.

“É uma atividade-processo. Exige organização desde a base, e também é um momento importante para consolidar a luta pela reforma agrária popular no Brasil”, explica Diego Moreira, da direção nacional do setor de produção do MST.

Três grandes eixos orientam os debates desta edição: a importância da reforma agrária para assentar famílias acampadas, a produção de alimentos saudáveis e o cuidado com a natureza — este último inspirado na noção de “casa comum”, defendida pelo papa Francisco. O pontífice será homenageado em uma conferência sobre alimentação saudável e sua contribuição à relação entre fé, ecologia e justiça social.

A programação acontece logo após o Abril Vermelho, jornada nacional de lutas do MST. Em 2025, foram realizadas 28 ocupações de terras improdutivas em dez estados e no Distrito Federal, com a participação de 20 mil famílias.

Confira aqui a programação de seminários e debates.

Mostra de Cinema da Terra exibe produções sobre luta e identidade

O evento também será palco para o cinema. Nos dias 10 e 11 de maio, o Brasil de Fato e o MST promovem a Mostra de Cinema da Terra, com exibição de documentários produzidos pelas duas organizações.

Ao todo, seis filmes serão apresentados. No sábado, o público poderá assistir Terra Vista e Assentamento Olga Benário – Sementes da Resistência, ambos lançados neste ano, além da estreia do documentário Máquinas Chinesas, Terras Camponesas, do Brasil de Fato. No domingo, será a vez de O fantasma ronda o acampamento (2020), Transexualidade, travestilidade e reforma agrária popular (2025) e Comuna o nada (2024).

As sessões ocorrem dentro da programação da feira, com entrada gratuita. Confira aqui a programação da mostra e aqui, as sinopses dos filmes.

Shows e festival cultural celebram arte como forma de resistência

Durante a programação, o público poderá acompanhar manifestações artísticas e grandes shows gratuitos. Na abertura do evento, nesta quarta, os violeiros Almir Sater e Xangai sobem ao palco com suas canções que exaltam a natureza e o interior do Brasil.

Já no domingo (11), o Festival por Terra, Arte e Pão encerra a feira às 19h com apresentações de Marina Lima, FBC, Arnaldo Antunes, Catto, Fat Family e Paulinho Moska.

“A cultura sobe ao palco como um ato de resistência e celebração”, afirmou o MST. Além dos shows, a feira conta com atividades político-culturais ao longo dos quatro dias. Confira aqui a programação artística.

500 toneladas de alimentos sem veneno mostram força da produção camponesa

Com mais de 500 toneladas de alimentos saudáveis, a Feira Nacional da Reforma Agrária apresenta ao público o resultado da produção organizada por famílias Sem Terra de 23 estados. São mais de 1.800 itens frescos, orgânicos e artesanais, vindos de coletivos, cooperativas e agroindústrias da reforma agrária.

Na feira, o público poderá encontrar produtos de dez cadeias produtivas, como arroz, café, leite, frutas, grãos, cacau, mel, açaí e castanhas. É também uma oportunidade de conhecer histórias como a de Maria de Jesus, do Maranhão, que leva à feira três tipos de arroz produzidos no roçado coletivo da sua comunidade.

Além da feira de alimentos, o espaço Culinária da Terra reúne pratos típicos de todas as regiões do país, preparados na hora. Confira alguns exemplos:

  • Região Sul: Arroz carreteiro, entrevero de pinhão, polenta com frango caipira.
  • Região Sudeste: Moqueca capixaba, cuscuz paulista, feijão-tropeiro, feijoada.
  • Região Centro-Oeste: Arroz com pequi, ventrecha de pacu, galinhada caipira.
  • Região Norte (Amazônia): Arroz de cuxá com camarão, tacacá, paçoca de castanha, carne de sol no azeite de babaçu.
  • Região Nordeste: Pirão, sururu, moqueca de beijupirá, tapiocas, rubacão, bode, mungunzá, ginga.

Também será possível adquirir mudas de plantas no espaço dedicado ao reflorestamento, parte do plano do MST para enfrentar a crise climática com mais árvores e comida saudável.

Presença do governo federal reforça apoio à Reforma Agrária

A abertura oficial da feira do MST está marcada para as 11h desta quarta, e contará com a presença de representantes do governo federal. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) participa do evento representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está em viagem oficial à Rússia.

Também estão confirmadas as presenças de ministros de Estado:

  • Luiz Marinho, do Trabalho
  • Wellington Dias, do Desenvolvimento Social
  • Marina Silva, do Meio Ambiente
  • Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais
  • Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência

A ex-ministra Cida Gonçalves, da pasta das Mulheres, estava confirmada no evento. Com a troca recente da gestão, não há confirmação da sua presença ou da ministra Márcia Lopes, que assumiu o lugar.

Como chegar?

A 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária acontece no Parque da Água Branca, localizado na Avenida Francisco Matarazzo, 455, na zona oeste de São Paulo. Veja as opções de como chegar:

  • Metrô e Trem (CPTM): A melhor opção é descer na Estação Palmeiras–Barra Funda, que atende a Linha 3–Vermelha do Metrô e as Linhas 7–Rubi e 8–Diamante da CPTM. A estação está a cerca de 800 metros do parque, são de 6 a 10 minutos de caminhada. Saia pela Avenida Francisco Matarazzo e siga em direção ao número 455. Outra opção, menos indicada, é a Estação Água Branca (Linha 7–Rubi da CPTM), a cerca de 30 minutos de caminhada. O trajeto passa pela Rua Turiaçu até a Avenida Francisco Matarazzo.
  • Ônibus: Diversas linhas de ônibus passam pela região. Algumas opções são: 875A-10 – Lapa / Vila Mariana; 875C-10 – Lapa / Metrô Ana Rosa; 978J-10 – Terminal Lapa / Metrô Barra Funda. Recomenda-se consultar o site da SPTrans ou aplicativos de transporte para horários atualizados.
  • Carro: O parque é de fácil acesso pelas avenidas Pacaembu, Sumaré e Marginal Tietê. Há estacionamento próprio com entrada pela Avenida Francisco Matarazzo, mas as vagas são limitadas e por ordem de chegada.
  • Bicicleta: É possível chegar ao parque por ciclovias e ciclofaixas da região. Há paraciclos disponíveis na entrada principal.
  • A pé: Quem estiver por perto pode acessar o parque por calçadas amplas e bem sinalizadas. A entrada principal fica na Avenida Francisco Matarazzo, 455.

Veja o mapa do local:

Mapa da Feira da Reforma Agrária
Mapa da Feira da Reforma Agrária. Divulgação/MST
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