Brasil encerra 2023 com a menor taxa de desemprego em 9 anos


O número de empregados com carteira assinada aumentou 5,8% e passou de 37 milhões de pessoas, o número mais alto desde que começou a ser medido dessa forma pelo IBGE em 2012. Brasil fechou 2023 com a menor taxa de desemprego em 9 anos
O Brasil fechou 2023 com a menor taxa de desemprego em nove anos.
“Seja bem-vindo”. São palavras que do Clésio Brás Queiroz adora dizer e gostou mais ainda de ouvir. Em 2023, ele ficou desempregado, mas, 15 dias depois, o recepcionista já tinha sido recepcionado por outro hotel.
“Eu sinto que o mercado realmente está bem aquecido, pelo menos para essa área do turismo está muito bem”, conta.
E o hospede que nem nota que esse é o primeiro emprego do João Gabriel de Araújo, que exibe no rosto a segurança de uma carteira assinada.
“Com CLT você já tem a sua garantia de que vai receber. Então, para mim, você já dá aquela respirada, é muito melhor”, diz o caixa.
A presença dos dois novos empregados em salas vizinhas não é coincidência. É um retrato do mercado de trabalho no Brasil no ano que passou. A taxa de desemprego foi de 7,8% em 2023, o menor patamar desde 2014.
Essa taxa veio acompanhada de outros recordes. O número de empregados com carteira assinada aumentou 5,8% e passou de 37 milhões de pessoas, o número mais alto desde que começou a ser medido dessa forma pelo IBGE em 2012.
Taxa de desocupação
Jornal Nacional/ Reprodução
“Esperava uma economia mais fraca. Com isso, um mercado de trabalho pior. Mas a gente teve um choque agrícola muito importante e teve um impulso fiscal na transição muito grande. Isso ajudou a sustentar a economia e, com isso, os números de queda gradual da taxa de desemprego, que surpreenderam positivamente no ano”, afirma o economista da FGV Ibre Fernando de Holanda Barbosa Filho.
Somando os informais com quem tem carteira assinada, são mais de 100 milhões de brasileiros trabalhando, também um recorde. Esse número representa um aumento de quase 4% em relação a 2022.
Junto com as novas vagas, vieram salários melhores. Depois de dois anos de queda, o rendimento médio dos trabalhadores subiu 7,2% em 2023, e chegou a R$ 2.979 – bem próximo do recorde de 2014, que era de R$ 10 a mais.
Maria José Monteiro Gomes foi promovida em 2023 e sentiu essa diferença no bolso.
“Você sabe que no final do mês você trabalhou, você fez o seu trabalho, e no final do mês você é recompensada. Então isso é bom”, diz a supervisora de andar.
Mas a pesquisa mostra que também aumentou o número de brasileiros que vivem um dia de cada vez, sem a garantia de um trabalho formal. São quase 40 milhões de pessoas na mesma situação do ambulante Washington Silva.
“A gente inventa, a gente corre atrás e vai para outro canto. Vai botando para outro canto porque quem tem família, filho, não pode parar”, diz.
A informalidade é só um dos desafios para que, junto com a quantidade, o Brasil melhore a qualidade do emprego.
“A gente está comemorando coisas que são importantes, que fazem a diferença no bem estar das pessoas, mas ainda o Brasil está longe de estar bem. O mais importante que o governo tem que fazer é transformar o ambiente de negócios no Brasil e investir na educação, na requalificação e qualificação do trabalhador, procurar melhorar a produtividade”, afirma Manuel Thedim, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
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