Em discussões entre casais, certas palavras podem ter um impacto muito maior do que imaginamos. Mark Travers, psicólogo americano especializado em relacionamentos, chama atenção para uma expressão aparentemente inofensiva, mas que ele classifica como “tóxica”: “Por que você não pode ser mais como [nome de outra pessoa]?“. Segundo ele, essa comparação não só desgasta a conexão entre o casal, mas também revela problemas mais profundos na dinâmica da relação.
Travers, que atende casais em seu consultório, observa que muitos conflitos frequentes têm origem em um padrão repetitivo: a tendência de medir o próprio relacionamento — ou o comportamento do parceiro — com base em terceiros. Pode ser um ex-companheiro, um amigo próximo, um colega de trabalho ou até mesmo uma versão idealizada do próprio cônjuge no passado. O problema, explica o especialista, é que a frase carrega uma mensagem oculta: “Você não é suficiente”.
O Peso das Comparações
Ao mencionar outra pessoa como referência, mesmo que de forma indireta, o parceiro que ouve a crítica começa a questionar seu valor na relação. Em vez de se sentir aceito e amado por quem é, passa a associar suas ações a uma expectativa externa impossível de alcançar. “Isso cria uma insegurança que pode se tornar irreparável”, alerta Travers. A longo prazo, a autoestima é prejudicada, e a confiança mútua — base de qualquer relação saudável — enfraquece.
O psicólogo ressalta que, muitas vezes, a pessoa citada na comparação não tem importância real. O verdadeiro motivo por trás da frase é uma frustração não comunicada de maneira clara. Por exemplo: se alguém diz ao parceiro “Por que você não é mais romântico como o João?”, pode estar, na realidade, expressando um desejo por mais gestos de carinho, sem saber como articular essa necessidade.
Olhar Para Dentro em Vez de Comparar
Travers propõe uma mudança de perspectiva. Em vez de apontar o dedo para o outro, ele sugere que as pessoas reflitam sobre o que realmente estão buscando ao fazer comparações. “Se você deseja algo diferente no relacionamento, é essencial identificar a raiz desse desejo e comunicá-lo com clareza”, explica.
Isso exige coragem para ser vulnerável e honesto, além de confiar que o parceiro receberá essa abertura com respeito. O psicólogo enfatiza que relacionamentos saudáveis não são construídos sobre expectativas irreais, mas na aceitação das imperfeições de ambos. “Amar alguém de verdade significa abraçar suas qualidades e defeitos, sem tentar moldá-lo a uma imagem externa”, completa.
Como Evitar a Armadilha das Comparações
Para fugir desse padrão, Travers recomenda substituir críticas genéricas por diálogos específicos. Em vez de dizer “Você nunca me ouve, igual a Maria faz com o Pedro”, experimente expressar: “Sinto que precisamos conversar mais sobre isso. Posso compartilhar algo que está me incomodando?”. Essa abordagem direciona o foco para a necessidade real, sem criar paralelos desnecessários.
Outra dica é praticar a gratidão pelas qualidades únicas do parceiro. Relembrar motivos pelos quais a relação foi construída ajuda a fortalecer a conexão, em vez de alimentar expectativas baseadas em outras pessoas.
Embora discussões sejam inevitáveis, a forma como lidamos com elas define a saúde do relacionamento. Palavras têm poder — e escolhê-las com cuidado pode fazer toda a diferença entre um conflito passageiro e uma ferida duradoura.
Esse Psicólogo alerta que casais podem destruir o relacionamento ao usar esta frase ‘tóxica’ foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.
