Houthis desmentem Trump e dizem que vão continuar a atacar alvos de Israel

Mahdi al Mashat, chefe político dos houthis, afirmou que o grupo rebelde pró-palestina do Iêmen continuará atacando alvos israelenses, e prometeu uma resposta “fulminante, dolorosa e além do que o inimigo israelense pode suportar” em um comunicado emitido após Israel bombardear infraestruturas em mãos dos rebeldes. A declaração desmente o presidente dos EUA, Donald Trump, que havia dito pouco antes que o grupo havia se rendido.

Após um ataque houthi com mísseis contra o principal aeroporto internacional israelense no domingo, Tel Aviv retaliou com ataques ao aeroporto da capital iemenita, Saná, usinas elétricas na região e uma fábrica de cimento em Amrane, informou o canal rebelde Al-Massirah.

“Três dos sete aviões pertencentes à companhia aérea nacional Yemenia foram destruídos no aeroporto de Saná, que ficou completamente destruído”, disse um funcionário do terminal. Os houthis advertiram que “a agressão [israelense] não ficará sem resposta”.

Trump disse que “os houthis anunciaram (…) que não querem mais combater. Simplesmente não querem lutar. E vamos honrar isso. Vamos parar os bombardeios, e eles se renderam”, declarou Trump no Salão Oval, ao receber o primeiro-ministro canadense, Mark Carney.

“Eles dizem que não vão mais atacar navios, e esse era nosso objetivo”, acrescentou o republicano.

Contexto

Apoiados pelo Irã, inimigo de Israel, os huthis estão em guerra com o governo do Iêmen desde 2014 e controlam grande parte deste país da Península Arábica, situado a mais de 1,8 mil quilômetros do território israelense. Os huthis, juntamente com o grupo palestino Hamas e o Hezbollah libanês, fazem parte do que o Irã apresenta como o “eixo da resistência” contra Israel. No entanto, Teerã nega fornecer ajuda militar aos houthis.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, acusa o Irã de ser “diretamente responsável” pelos ataques dos insurgentes contra seu país, em represália ao genocídio palestino em curso na Faixa de Gaza. Os ataques dos houthis alteraram a navegação pelo Canal de Suez, uma rota pela qual passa normalmente cerca de 12% do tráfego marítimo mundial.

Clara Broekaert, pesquisadora do Centro Soufan, afirmou à rede Al Jazeera que o governo Trump espera demonstrar “uma certa dose de boa vontade” e “evidências de sua habilidade diplomática” antes da visita do presidente americano ao Oriente Médio neste mês. Trump viajará para a Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos em meados de maio.

Mas Broekaert observou que “um componente muito claro que falta” no anúncio de Trump é o significado do acordo para os ataques em andamento entre Israel e o grupo iemenita. “Parece ser um acordo muito mais limitado, focado principalmente em navios comerciais que cruzam o Mar Vermelho”, disse ela à Al Jazeera.

Os Estados Unidos, principal apoiador de Israel, atacavam posições rebeldes no Iêmen desde janeiro de 2024, sob a presidência do democrata Joe Biden, e intensificaram a ofensiva desde o retorno de Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro.

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