O ditado tradicional “Sell in May and Go Away”, que sugere que os investidores devem vender suas ações e se afastar do mercado durante o mês de maio, geralmente é associado a uma queda sazonal nos índices financeiros. No entanto, em 2025, esse ditado está sendo desafiado por um cenário que, embora marcado pela volatilidade, também apresenta sinais de recuperação.
Em uma entrevista ao programa BM&C News, Bruna Alleman, especialista da Nomos, discutiu o atual estado do mercado financeiro e as expectativas para o mês de maio. Segundo Bruna, apesar das dificuldades enfrentadas nos primeiros meses de 2025, houve um forte movimento de alta nos principais índices e empresas, especialmente após o mês de abril, que foi marcado por quedas significativas nos ativos.
“Embora a recuperação tenha sido considerável, acredito que precisamos de muita cautela. A volatilidade ainda estará presente, e é essencial que os investidores se preparem para movimentos inesperados“, afirmou Bruna, reforçando que a cautela continua sendo a palavra-chave para quem busca operar com segurança neste momento.
Impacto da volatilidade no mercado brasileiro
A volatilidade no mercado global também tem repercussões no Brasil, que se encontra em um cenário com várias incertezas internas e externas. O aumento da taxa de juros no Brasil, que poderá ocorrer após a reunião do Copom, tem o potencial de movimentar a economia brasileira de maneira significativa. A decisão sobre os juros também afetará diretamente o fluxo de capital estrangeiro e o valor do dólar, com implicações importantes para os mercados.
“Se a taxa de juros no Brasil for elevada, isso pode balançar a nossa moeda e gerar impactos nos fluxos de capital estrangeiro, o que, por sua vez, afetaria as perspectivas de crescimento da economia“, explicou Bruna. De acordo com a especialista, a fala do Banco Central será fundamental para determinar o tom do mercado no Brasil, que precisa manter um equilíbrio delicado entre o crescimento e o controle da inflação.
Além disso, Bruna destacou que o Brasil precisa se atentar ao contexto político internacional, em especial ao impacto das políticas fiscais de Donald Trump, que, com sua agenda protecionista, tem alterado as condições comerciais para o país. Essas mudanças podem afetar diretamente as exportações brasileiras e, consequentemente, o desempenho da bolsa.
Perspectivas para maio o e a estratégia de investimentos
De acordo com Bruna Alleman, o mês de maio será crucial para os investidores, especialmente para aqueles que atuam no curto prazo, como os traders e quem faz operações de swing trade. Com o cenário de volatilidade ainda muito presente, ela acredita que o mês será um teste importante para os mercados financeiros. Contudo, para os investidores que buscam um desempenho de longo prazo, a especialista sugere uma postura mais cautelosa.
“Manter mais caixa e ter cautela serão estratégias mais vantajosas neste momento. Em vez de tentar adivinhar quais ações vão continuar crescendo, o foco deve ser em preservar o capital e aguardar por um cenário mais estável“, orientou Bruna.
Apesar da recuperação observada no mercado, a especialista enfatiza que o curto prazo deve ser abordado com cautela. Os investidores que se posicionam no curto prazo, especialmente aqueles com foco em operações de trade, poderão ver oportunidades durante a volatilidade do mês, mas ela alerta para o risco de apostar muito alto em um rally que pode não se sustentar.
O Papel do Brasil no Cenário Internacional
A entrevista com Bruna também abordou o impacto das dinâmicas econômicas internacionais no Brasil, destacando como a política fiscal de Trump e a situação econômica nos Estados Unidos podem afetar a bolsa brasileira. Bruna comentou que o Brasil ainda enfrenta desafios relacionados à economia externa, como tarifas e negociações comerciais, mas que também pode se beneficiar dependendo de como o cenário global evoluir.
“Se o Brasil continuar a ampliar suas exportações e manter boas relações comerciais com países chave, a bolsa brasileira pode se beneficiar de forma positiva, mesmo se a economia americana enfrentar dificuldades“, explicou Bruna, ressaltando que a relação entre os mercados global e local será fundamental para determinar a trajetória da economia brasileira.
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