Baleias-jubarte chegam ao ES em breve para o período de reprodução

baleias-jubarte chegam ao litoral do ES
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Durante os próximos meses, especialmente entre junho e novembro, um espetáculo da natureza voltará a ser exibido em águas capixabas: o retorno das baleias-jubarte para o período de reprodução da espécie.

As gigantes do mar, que podem chegar a 16 metros de comprimento e pesar 40 toneladas, já começaram a ser avistadas no litoral Norte de São Paulo, em Ilha Bela, na última segunda-feira (28). Em breve, as aparições irão ficar ainda mais rotineiras, especialmente no Espírito Santo e na Bahia.

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Segundo Thiago Ferrari, coordenador do Projeto Amigos da Jubarte/Jubarte Lab, cerca de 30 mil baleias fazem parte do grupo brasileiro, ou grupo A, que migra para o litoral do país, todos os anos, para se reproduzir.

O grupo brasileiro é composto por, aproximadamente, 30 mil baleias, que se alimentam no entorno das ilhas Geórgia do Sul na região antártica e migram para se reproduzir nos trópicos estendendo-se de São Paulo ao Rio grande do Norte.

Águas brasileiras são o berço ideal para as jubartes

Ainda segundo Thiago, algumas características das águas no litoral do país fazem do local uma excelente opção para a reprodução das baleias.

“As águas brasileiras sãos quentes, calmas e rasas, o que favorece a reprodução. O banco de Abrolhos, no Sul da Bahia e no Espírito Santo, é um dos maiores berços da espécie no mundo”, afirmou o coordenador.

Apesar de serem identificadas como um único grupo, as baleias podem fazer a longa viagem da Antártica até o Brasil em momentos diferentes, o que faz com que avistamentos pouco antes ou depois do período estipulado, sejam comuns.

Thiago, explica que a migração começa após a baleia adquirir estoque energético suficiente para o trajeto de mais de quatro mil quilômetros, o que pode variar de acordo com o período de alimentação do indivíduo.

Da quase extinção para a preservação

Em meados dos anos 80, o grupo brasileiro chegou a contar com, aproximadamente, 1 mil baleias após um longo período de caça para obtenção de óleo e carne.

Segundo Thiago, apesar do número crescer a cada ano, em razão das ações de preservação da espécie e da proibição da caça no Brasil e em outros países, as jubartes ainda são impactadas por ações praticadas pelo homem.

“A poluição química residual e sonora que vem das atividades humanos, são um grande desafio para a preservação”.

Ele também ressaltou que a pesca, mesmo que destinada a outras espécies, ainda podem prejudicar as jubartes.

baleias-jubarte chegam ao litoral do ES
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

“A pesca impacta estes cetáceos porque, por muitas vezes, eles podem ficar encalhados nas redes utilizadas. Nestes casos, podem morrer afogados, pois não conseguem subir à superfície para fazerem suas trocas gasosas, ou por inanição”, explica.

Apesar disso, Thiago ressaltou que o turismo consciente é essencial para a preservação destes animais, pois aproxima-os da população.

O turismo vem como uma potente ferramenta de preservação. Ao aproximar a população ao tesouro que temos no nosso litoral, conseguimos atingir com mais facilidade as políticas públicas e ambientais.

Regras para a observação

Para quem deseja ver as gigantes do mar de perto durante o período de reprodução, precisa seguir algumas regras que constam na Lei Federal 7.643 de 1988, que regulamenta a prática. É proibido:

  • Aproximar-se de qualquer espécie de baleia a uma distância menor do que 100 metros com o motor do barco engrenado.
  • Perseguir com motor ligado qualquer baleia por mais de 30 minutos mesmo que à distância.
  • Interromper ou tentar alterar o curso de qualquer espécie que esteja em deslocamento.
  • Aproximar-se de um indivíduo ou grupo de baleias submerso quando já há outra embarcação no local;
  • Mergulhar ou nadar com qualquer espécie de baleia ou outro cetáceo.
  • Aproximar-se dos cetáceos com qualquer aeronave a menos de 100 metros da superfície do mar.

O site Quero Ver Baleia, uma iniciativa do projeto Amigos da Jubarte, reúne as principais informações sobre o assunto e os guias licenciados para a prática.

Em junho o projeto, em parceria com o Sebrae, lançará oficinas de conscientização para integrantes da cadeia turística sobre o período de observação das jubartes.

“As pessoas precisam ver esse espetáculo da natureza. É impossível traduzir através de fotos, vídeos ou relatos a emoção de ver esse animal de pertinho e no seu habitat natural”, finalizou Thiago.

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