O que é biohacking?

O que é biohacking?Fidel Forato

Biohacking é um movimento que une os mais variados grupos, indo dos aficionados por tecnologia até os que buscam saúde, bem-estar e formas de combater o envelhecimento. Em comum, eles se propõem a realizar intervenções no próprio corpo, em hospitais ou na garagem de casa, com o objetivo de expandir as capacidades humanas. Basicamente, é a junção de técnicas da biomedicina com a ética hacker.

Nessa história, o chip da Neuralink, startup fundada por Elon Musk, com potencial para controlar objetos com o poder da mente, é um dos grandes exemplos da área de biohacking. Outros implantes do tipo estão em desenvolvimento. Entretanto, modificações mais simples, como fazer reposição hormonal após a menopausa ou usar um marca-passo, podem se enquadrar nessa cultura.

Biohacking: humanos turbinados

Biohacking é a “tentativa de melhorar a condição do corpo e da mente usando tecnologia, drogas ou outras substâncias químicas, como hormônios”, explica o Dicionário Cambridge, em uma de suas definições mais abrangentes.

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“Experimentos científicos com material biológico, especialmente genes, feitos por pessoas que não são especialistas oficiais ou cientistas, seja como hobby, para ganhar dinheiro ou cometer crimes”, aponta o dicionário inglês em outra definição.

Através das definições, é possível observar dois mundos distintos envolvidos na prática de biohacking:

  • A ciência de garagem, também conhecida como ciência do it yourself (DYI), em que as práticas de melhora da capacidade humanas são desenvolvidas fora de um ambiente hospitalar e seguro. Tudo é mais experimental e o risco de acidentes é maior. Por outro lado, existem até kits caseiros para quem quer entrar nesse movimento;
  • A ciência convencional, onde as técnicas usadas foram validadas por estudos clínicos e inúmeros testes em animais e humanos. Entretanto, é preciso atenção, já que, nas redes sociais e até em consultórios, algumas práticas são vendidas como seguras, mas não são.

Exemplos de biohacking

Com uma definição tão ampla do que é biohacking, diferentes intervenções ou medidas podem ser associadas com essa cultura, como:

  • Marca-passo para controlar e estimular o ritmo cardíaco;
  • Implante coclear para quem tem problemas auditivos;
  • Ténicas de terapia gênica;
  • Uso de suplementos alimentares com finalidades específicas;
  • Técnicas de alimentação para retardar o envelhecimento;
  • Uso de nootrópicos, conhecidos como “smart drugs”, que impactam as funções cerebrais, desde a mais conhecida ritalina até pílulas com cafeína;
  • Chips para reposição hormonal;
  • Parafusos, hastes, grampos, silicone e demais materiais compondo ou afixando estruturas no corpo após cirurgia;
  • Implante cerebral da Neuralink de controle através da mente e outras interfaces cérebro-máquina;
  • Biochip na ponta dos dedos para abrir portas ou ainda realizar pagamentos;
  • Implante de LED sob a pele para iluminar tatuagens;
  • Entre tantos outros.

Biohackers: ciborgues na história

Entre os biohackers mais icônicos, está o artista inglês Neil Harbisson, que foi reconhecido como o primeiro ciborgue humano, segundo o Guinness World Records. Para receber este título, Harbisson fez inúmeras intervenções no próprio corpo, como a que permitiu “enxergar”, pela primeira vez, as cores do mundo.

Harbisson nasceu com acromatopsia (daltonismo total), uma condição que faz com ele enxergasse tudo em preto e branco. Por isso, ele instalou um sensor de fibra óptica na ponta de uma antena colocada na sua cabeça, a eyeborg. Este dispositivo capta as cores do entorno, converte as ondas de luz em ondas sonoras e as transmite como vibrações audíveis em seu crânio, permitindo a identificação das cores.

If we dont merge with technology, technology will become so intelligent that it will run away from us pic.twitter.com/7i16OpfwvM

— Neil Harbisson (@NeilHarbisson) June 4, 2016

A espanhola Moon Ribas instalou um sensor no seu braço que alerta quando um terremoto é registrado na Terra. Além disso, o estadunidense Rich Lee implantou “fones de ouvido” nos tragus — “saliência” localizada no ouvido externo —, conseguindo ouvir músicas e atender chamadas de forma muito mais simples. Eles também estão no Livro dos Recordes.

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