Terremotos na Lua podem ocorrer perto dos locais de pouso da Artemis III

Terremotos na Lua podem ocorrer perto dos locais de pouso da Artemis IIIDanielle Cassita

A Lua continua se encolhendo, e isso causa efeitos em seu polo sul — inclusive nas áreas para onde a NASA planeja levar os astronautas do programa Artemis, exigindo cautela com as futuras instalações e missões por lá. Esta descoberta vem de um novo estudo liderado pelo cientista Thomas R. Watters, do Centro de Estudos Planetários e da Terra, que faz parte do Museu Nacional do Ar e do Espaço nos Estados Unidos.

O encolhimento da Lua foi revelado em 2019, quando um estudo da NASA mostrou que nosso satélite natural “perdeu” mais de 50 metros graças ao processo. Assim como uma uva fica enrugada quando se transforma em passa, a superfície lunar ficou repleta de falhas.

Só que a Lua não tem uma camada tão flexível quanto a casca de uma uva. Por isso, o processo tornou sua superfície irregular, fazendo com que estas falhas se formassem nas áreas onde partes da crosta se chocaram umas com as outras. No novo estudo, os pesquisadores simularam a estabilidade das encostas lunares com modelos.

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Eles descobriram que algumas delas são mais vulneráveis a deslizamentos causados por tremores sísmicos. Durante as análises, a equipe trabalhou com imagens e dados do polo sul da Lua, e conseguiu relacionar falhas geológicas a um grande tremor registrado na década de 1970. Além disso, a área está repleta de escarpas, que são evidências significativas dos terremotos lunares.

Para os autores, parte das regiões da área parecem ser seguras o suficiente para receber os astronautas das futuras missões Artemis, enquanto outras podem oferecer riscos. Os modelos computacionais mostraram que as áreas mais perigosas estão vulneráveis a deslizamentos causados por tremores.

Watter explica que “os terremotos lunares ‘rasos’, capazes de produzir fortes tremores na região do polo sul lunar, são possíveis por eventos de deslizamento em falhas ou pela formação de novas delas”. Como o nome indica, os terremotos lunares rasos acontecem no máximo a 100 metros de profundidade na crosta lunar.

Já o coautor Nicholas Schmerr destaca que os terremotos rasos podem ser devastadores para possíveis assentamentos humanos que podem ser organizados por lá no futuro. “Esse trabalho está nos ajudando a nos preparar para o que nos espera na Lua — sejam estruturas de engenharia que possam resistir melhor à atividade sísmica lunar, ou proteger as pessoas de zonas realmente perigosas”, comentou.

Para os próximos passos, os autores vão continuar mapeando a Lua e sua atividade sísmica, tentando identificar regiões que possam ser perigosas para humanos. “Conforme nos aproximamos da data de lançamento da missão Artemis tripulada, é importante manter nossos astronautas, nossos equipamentos e nossa infraestrutura mais seguros possível”, finalizou ele.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Planetary Science Journal.

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