
No Dia do Trabalho, um dado chama atenção: o brasileiro precisa trabalhar em média até o início de maio apenas para pagar tributos federais, estaduais e municipais. A estimativa é do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), que calcula todos os anos o chamado “Dia da Liberdade de Impostos”. Em 2024, esse marco caiu no dia 2 de maio, ou seja, mais de 120 dias de trabalho dedicados exclusivamente ao governo.
Brasil tributa mais quem ganha menos
Segundo o IBPT, a carga tributária média sobre pessoa física gira em torno de 33,7% da renda anual do trabalhador, isso daria aproximadamente 4 meses de trabalho no ano. A maior parte dessa tributação está embutida nos preços de bens e serviços, por meio de impostos como ICMS, IPI, PIS e Cofins, o que torna o sistema brasileiro altamente regressivo — ou seja, quem ganha menos acaba pagando proporcionalmente mais.
Na prática, o trabalhador paga impostos ao consumir arroz, pagar a conta de luz ou abastecer o carro. Esses tributos, invisíveis na maioria das vezes, podem representar mais de 40% do preço final de alguns produtos.
Impostos diretos também pesam na folha
Além da carga indireta, o brasileiro também sente o peso dos descontos em folha de pagamento. Entre Imposto de Renda (IR), INSS e FGTS, uma parcela significativa do salário fica retida antes mesmo do trabalhador ter acesso ao valor líquido.
Por exemplo, um profissional CLT com salário bruto de R$ 5.000 pode ver cerca de R$ 1.300 a R$ 1.500 irem diretamente para esses encargos, dependendo da faixa tributária.
Brasil x outros países
Em comparação com países da OCDE, o modelo tributário brasileiro se destaca negativamente. Enquanto economias desenvolvidas tendem a tributar mais a renda e o patrimônio, o Brasil ainda concentra a maior parte da arrecadação no consumo — o que penaliza justamente os trabalhadores de renda mais baixa.
Em países como Alemanha e Canadá, por exemplo, os serviços públicos compensam parte dessa carga, oferecendo saúde, transporte e educação de alta qualidade. No Brasil, o retorno dos impostos é frequentemente criticado pela população, o que aumenta a percepção de desgaste com o peso fiscal.
Educação financeira e planejamento são essenciais
Diante de um sistema complexo e pesado, educação financeira torna-se uma ferramenta importante para que o trabalhador compreenda quanto efetivamente recebe, quanto paga e como planejar melhor seus recursos. O Dia do Trabalho, nesse contexto, também pode ser uma oportunidade para discutir justiça tributária e valorização do esforço de quem sustenta a economia do país.
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O post Dia do trabalho: 4 meses de trabalho do ano vão só para impostos apareceu primeiro em BM&C NEWS.