Cemitério na Itália tenta proibir bandeiras vermelhas durante ato em memória de Antonio Gramsci

Em celebração que já se tornou tradicional há anos, centenas de militantes e movimentos populares marcharam na última segunda-feira (27) ao cemitério não-católico de Roma, capital da Itália, para celebrar o legado do filósofo marxista Antônio Gramsci.

A data, que marca os 88 anos da morte de um dos mais destacados militantes comunistas europeus, porém, foi marcada por uma tentativa de proibição inusitada: o veto ao uso de bandeiras vermelhas durante os atos.

Segundo os presentes, a diretora do cemitério, Yvonne Mazurek, tentou impedir a continuação da atividade por esta utilizar símbolos “divisivos” que poderiam ser “mal interpretados”.

“Eu não sou de direita”, disse a responsável pelo local, em um vídeo divulgado por ativistas que estavam presentes. “Sou a favor que se possa manifestar de maneira não simbólica, não icônica”, argumentou. Ela ainda disse que as bandeiras vermelhas poderiam ser consideradas ofensivas para outras pessoas enterradas e seus parentes.

“Se o antifascismo é ofensivo para você, você deve ser um fascista”, disse ao Brasil de Fato o ativista italiano Aimone Spinola, rebatendo a justificativa. Ele acompanhou algumas celebrações em memória de Gramsci na Itália e disse que o país vive um momento de avanço da extrema direita.

Para Spinola, isso tem a ver com o governo de ultradireita da primeira-ministra Georgia Meloni. “Há uma cultura de revisitar o fascismo, sobretudo agora que setores minoritários se sentem reforçados pelo governo de extrema direita”, disse.

O ativista também lembra que não foi apenas no aniversário de morte de Gramsci que socialistas foram perseguidos. Durante os atos de celebração da liberação do regime fascista na Itália, em 25 de abril, pessoas foram presas e a polícia reprimiu manifestações.

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