Cidade no ES proíbe plantio e determina cortes de árvore por ‘beleza tóxica’; entenda


De acordo com o decreto da Prefeitura de Afonso Cláudio, na Região Serrana do Espírito Santo, além da proibição, fica estabelecido que as árvores já plantadas deverão ser cortadas e as mudas produzidas ou em produção, descartadas. Espatódea, árvore exótica inspirou canção.
Ananda Porto/TG
Quem olha para a árvore Espatódea (Spathodea campanulata) nem imagina que belas flores de cor laranja podem intoxicar abelhas, insetos e até passáros, como os beija-flores. Diante do perigo, a Prefeitura de Afonso Cláudio, na Região Serrana do Espírito Santo, divulgou na quinta-feira (17) um decreto que proíbe o plantio desse tipo de planta.
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Decreto proíbe plantio de Espatódea em Afonso Cláudio, na Região Serrana do Espírito Santo
Reprodução
De acordo com o decreto, além da proibição, fica estabelecido que as árvores já plantadas deverão ser cortadas e as mudas produzidas ou em produção, descartadas.
Ainda segundo o município, caso as árvores estejam plantadas em terreno particular, o corte se realizará sob autorização prévia da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. As árvores plantadas em terrenos ou espaços públicos serão removidas imediatamente pela administração.
Com o objetivo de cumprir o decreto, o Poder Executivo, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, começou a orientar e conscientizar os munícipes. A ideia é tornar público os efeitos danosos da Espatódea, e ainda, incentivar a substituição das árvores presentes em toda extensão territorial do município.
Segundo o decreto, quem descumprir o decreto está passível ao pagamento de multa. A quantia será o equivalente ao sobre do Valor de Referência de Afonso Cláudio (VRAF) e, em caso de reincidência, a sanção será maior.
Em 2023, a prefeitura de Linhares, na Região Norte, e a prefeitura de Venda Nova do Imigrante, também na Região Serrana, publicaram a supressão de árvores da mesma espécie.
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Origem africana
Espatódea, árvore exótica inspirou canção.
Ananda Porto/TG
Também conhecida como Bisnagueira, Tulipeira- do-Gabão, Xixi-de-Macaco ou Chama-da-Floresta, a Espatódea é uma planta é originária das florestas tropicais do Oeste da África. No Brasil, a espécie foi introduzida como uma planta ornamental.
De acordo com a secretária de meio ambiente de Afonso Cláudio Valéria Hollunder Klippel, apesar de amplamente utilizada, estudos comprovam a toxidade da planta.
“De fato, por sua beleza, a espécie é amplamente utilizada na arborização urbana de muitas cidades. No entanto, estudos têm comprovado que suas flores possuem uma substância tóxica para abelhas, principais polinizadoras da natureza, e beija-flores”, informou a prefeitura. .
A secretária também explicou que as flores da planta são polinizadas por outros grupos de polinizadores na África, o que fez com que a espécie criasse estratégias para que as abelhas não utilizassem o seu pólen como alimento.
“O que acontece é que as abelhas, atraídas pelo pólen abundante e néctar adocicado das flores, têm o sistema nervoso afetado por um alcaloide tóxico ali presente, e acabam morrendo. Os beija-flores também são atingidos”, explicou Valéria.
Espatódea
Ananda Porto/TG
Segundo a secretária, a proibição é porque as abelhas são os principais responsáveis pela polinização da grande maioria das espécies vegetais do nosso país e do mundo. Esse processo resulta na reprodução das plantas, que por sua vez, cria sementes e frutos.
“Um estudo realizado pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, estimou que um terço dos alimentos consumidos globalmente é dependente do trabalho das abelhas. Essa pesquisa indicou, ainda, que o inseto é responsável pela polinização de 80% dos cultivos do planeta. Esses argumentos reforçam a ideia (que não é um mero achismo, mas possui embasamento científico) de que a vida na Terra poderia acabar caso as abelhas fossem extintas”, destacou.
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