Da mineração lunar à chegada de robôs humanoides em fábricas e residências, a tecnologia de interconexão será peça-chave para viabilizar inovações que, até pouco tempo, pareciam ficção científica. A DE-CIX, principal operadora de Internet Exchange (IXs) do mundo, que recentemente lançou seus primeiros pontos de interconexão brasileiros em São Paulo e no Rio de Janeiro, projeta o futuro das economias inteligentes e hiperconectadas, apontando as cinco tendências que vão moldar a evolução tecnológica e os negócios conectados nos próximos meses.
- Economias inteligentes exigem redes inteligentes
A inteligência artificial (IA) está se tornando o pilar dos modelos de negócios do futuro. De acordo com a International Data Corporation (IDC), principal empresa de inteligência de mercado global, 80% dos CIOs no mundo pretendem adotar IA e automação para obter mais agilidade e insights. Mas essa transformação depende de infraestruturas de TI igualmente inteligentes — redes que sejam escaláveis, ágeis e interoperáveis. Com o avanço do 5G e a iminente chegada do 6G, que será até 100 vezes mais rápido e incluirá IA nativa para gestão e segurança, o futuro exige padrões abertos, APIs e arquiteturas que suportam os fluxos de dados gerados por sistemas autogerenciáveis.
- A corrida espacial da internet se intensifica
A conectividade global passará por uma verdadeira revolução com os satélites de órbita terrestre baixa (LEO), que prometem levar internet de alta velocidade e baixa latência até os lugares mais remotos do planeta — e até fora dele. Essa tecnologia de transmissão via satélite vai oferecer uma nova esperança para bilhões de pessoas que ainda têm acesso precário à internet. Com planos de mineração lunar e em asteroides visando recursos como o Hélio-3, essencial para a computação quântica, a presença de infraestrutura digital no espaço se torna indispensável. O Fórum Econômico Mundial e a McKinsey projetam que a economia espacial global valerá US$ 1,3 trilhão até 2035.
- Carros autônomos entram no cotidiano
Veículos com direção autônoma de nível 3, que permite que assuma o controle em determinadas situações, e de nível 4, que consegue operar de forma totalmente autônoma em áreas ou situações específicas sem precisar da intervenção humana, estão prontos para se popularizar nos próximos meses, com testes já em andamento em diversas cidades dos Estados Unidos. Esses carros dependem de conectividade constante e de baixa latência, via redes móveis e satélites, para garantir segurança e funcionamento eficaz. Empresas automobilísticas estão, inclusive, desenvolvendo suas próprias constelações de satélites para assegurar essa conectividade. Para integrar esse ecossistema, a DE-CIX lançou recentemente o conceito de AI Exchange — uma plataforma que conecta diretamente redes e serviços de IA com desempenho, segurança e conformidade.
- Robôs humanoides se aproximam do uso cotidiano
A chegada da IA generativa deu um novo salto na evolução dos robôs humanoides. Agora capazes de aprender, adaptar-se e até trocar habilidades via nuvem, estão se tornando cada vez mais viáveis, tanto para uso industrial quanto para o doméstico. Nos próximos meses, modelos comerciais limitados já devem começar a ser implementados, com expansão prevista para os anos seguintes. Com a adoção crescente de robôs humanoides, aumenta também a responsabilidade sobre o uso ético da IA. Estima-se que até 30% das horas de trabalho atuais poderão ser automatizadas até 2030. Porém, a IA também criará novos empregos e permitirá a requalificação da força de trabalho.
- A computação desagregada viabiliza a próxima geração de IA
O treinamento de modelos de linguagem de larga escala (LLMs) está passando por uma revolução. Em vez de depender exclusivamente de data centers centralizados, o futuro será marcado pela computação desagregada — uma abordagem distribuída e mais eficiente. A chegada da Ultra Ethernet, substituindo a InfiniBand, permite conexões de alta velocidade em distâncias maiores, com menor complexidade e mais acessibilidade. Essa tecnologia viabiliza o treinamento de IA até mesmo em ambientes urbanos, conectando clusters computacionais em locais onde há espaço e energia disponíveis.
Ivo Ivanov, CEO Global da DE-CIX.