Fraude no INSS impõe novo obstáculo ao governo Lula em ano ‘marcado por desgaste’, avalia cientista político

O escândalo envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelado na semana passada, representa um obstáculo importante para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tenta retomar sua popularidade após um início de ano marcado por desgaste, avaliou o cientista político Rafael Cortez em entrevista ao programa Conexão BDF, do Brasil de Fato.

Segundo Cortez, o episódio atinge o governo em um momento sensível e combina dois temas que têm grande peso para a opinião pública: corrupção e ameaça aos direitos dos aposentados. “É um tema que gera uma proximidade, uma facilidade do eleitor perceber e formar opinião sobre o que está acontecendo; é um debate que não está longe do dia a dia do eleitor”, afirmou. Para ele, mesmo que as fraudes tenham começado no governo de Jair Bolsonaro (PL), é a atual gestão que arca com o custo político.

O cientista político destacou que a troca no comando do INSS foi um passo importante, mas insuficiente. “Em alguma medida, governo e oposição já estão em modo de construção dos seus projetos, olhando para 2026. O governo não pode correr o risco de ter um tema de agenda negativa muito presente no debate, sobretudo porque é um tema que pode ‘tirar o fôlego’ de anúncios e medidas adotadas, como na política de crédito, que em tese contribuem para uma imagem mais positiva da atual administração”, disse.

Cortez vê como essencial que o governo monitore a repercussão do caso, especialmente nas redes sociais, e não descarta a possibilidade de novas mudanças no Ministério da da Previdência Social, incluindo a saída do ministro Carlos Lupi. “Eu imagino que, se isso for se consolidando e começarem a surgir sinais de desgaste político, o governo precisará estar aberto a eventualmente fazer reformulações no ministério. Até porque a reforma ministerial já é um item na pauta”, observou.

A crise ocorre num contexto em que a base de apoio de Lula, sobretudo entre as camadas de renda mais baixa, já mostra sinais de erosão. “Não dá para menosprezar isso em um quadro tão polarizado no qual vivemos hoje”, concluiu Cortez.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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