
Durante entrevista ao programa BM&C News, Fábio Fares, especialista em análise macro, avaliou a escalada de tensão comercial entre Estados Unidos e China e os possíveis impactos para o mercado global. Segundo Fares, a estratégia agressiva adotada por Donald Trump tem gerado apreensão entre empresários e agentes econômicos, aumentando o risco de instabilidade.
“A volatilidade aumentou porque a condução inicial foi muito ruim. Mas agora, finalmente, tiraram as crianças da sala e as negociações estão sendo feitas de forma mais técnica“, afirmou Fares, referindo-se à saída de nomes como Peter Navarro das negociações.
Corrida por liquidez revela estresse no sistema financeiro
Fábio Fares destacou que, por trás da guerra comercial, existe uma preocupação mais profunda: o estresse no sistema financeiro dos Estados Unidos. Segundo ele, problemas de alavancagem e de funding agravam o cenário de incertezas.
“Estamos assistindo a uma corrida por liquidez. Essa é a camada subterrânea de toda essa crise“, afirmou. Para o especialista, embora as tensões comerciais estejam no centro das atenções, o real problema a ser monitorado é a estabilidade do sistema financeiro americano.
Impacto global e postura dos Estados Unidos
Segundo Fares, os Estados Unidos têm duas grandes vantagens que lhes permitem resistir à pressão: a força do dólar e o fato de serem o maior mercado consumidor do mundo.
“Sem o consumo americano, a economia global sofre. Isso dá aos EUA poder de negociação, ainda que a postura inicial tenha sido excessivamente dura“, explicou.
O especialista também observou que, ao contrário das democracias, a China enfrenta dificuldades para absorver os impactos sociais da crise, com milhões de pessoas em licença remunerada em condições precárias.
“Na China, quem paga o preço é o povo. Sem exportações e sem mercado consumidor interno forte, a situação tende a se deteriorar rapidamente“, disse.
Tendência de moderação no discurso
Fábio Fares acredita que, diante dos sinais claros do mercado e da pressão interna, Trump deve adotar um tom mais moderado nos próximos pronunciamentos.
“Ele precisa trazer as pessoas para perto novamente. A robustez inicial afastou aliados importantes. Agora é o momento de ajustar a estratégia para evitar um isolamento ainda maior“, afirmou.
O especialista destacou que países como Vietnã, Coreia do Sul e Japão já buscam se antecipar aos impactos negativos, enquanto a Europa, dependente das exportações para a China, tende a buscar alternativas para mitigar riscos.
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