Orlando Caliman: hub logístico capixaba pode ganhar com “tarifaço” de Trump

Embora os embates da guerra tarifária desencadeada pelos EUA sob o comando de Donald Trump ainda não tenham terminado, principalmente entre os seus principais contentores, os EUA e a China, é possível exercitar cálculos sobre o que poderá resultar em impactos sobre o hub logístico capixaba. Confira a análise do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman.

*Por Orlando Caliman

China e EUA são nossos principais parceiros comerciais, com o fluxo geral com esses dois países representando cerca de 41% de um total de US$ 25 bilhões em 2024. Entre importações e exportações, os valores dos respectivos fluxos quase se igualaram: US$ 5,2 bilhões para a China e US$ 5,1 bilhões para os EUA. Somente da China o Espírito Santo importou automóveis no valor total de US$ 2,2 bilhões.

Olhando para a frente, todos os possíveis ensaios de cálculos sobre potenciais e prováveis impactos do tarifaço ainda se mostram precários em apontar resultados mais seguros. O que se sabe, no entanto, é que o estrago já foi feito e as “placas tectônicas” do comércio global ainda estão em movimento. Não se sabe até quando. Mesmo assim, num jogo cujo prognóstico projeta perdas globais, teremos ganhadores e perdedores. Aliás como qualquer jogo, mesmo para aqueles mais frágeis em regramentos. Que é como se mostra o cenário no momento.

No caso do Espírito Santo, o alto grau de dependência em relação aos dois mercados – mais em termos de commodities com os Estados Unidos, e industrializados no caso da China, já nos facilita na tarefa de apontar tendências. Naturalmente sob crivos de determinados condicionantes e circunstâncias. Que podem mudar a cada momento. Por enquanto, entre ameaças e oportunidades, as primeiras tendem a vir dos EUA, e as oportunidades mais da China.

No caso dos EUA a ameaça paira sob dois produtos – commodities – que tem participações significativas na pauta: aço e celulose. Mais em relação ao aço, que já está sendo taxado em 25%. A expectativa nesse caso é que se retorne ao regime de cotas. Quanto à China, um provável movimento seria o de busca de “friendly shoring” – país parceiro – para servir de base para reorientação de suas exportações, seja para o Brasil ou para outros países da América Latina. E nesse aspecto, o hub logístico capixaba já se mostra um porto seguro.

No conjunto, para o Espírito Santo, as oportunidades poderão neutralizar ou mesmo suplantar as ameaças. Para tanto, poderá contar com melhorias sua infraestrutura já nos curto e médio prazos, especialmente portuária, com o aumento e melhoria da capacidade operacional de Vports em Vitória, e com o porto da Imetame, em Aracruz. Este último com previsão de operação no próximo ano e com capacidade para grandes navios de contêiner, além de dispor de uma plataforma de serviços logísticos   altamente eficiente.

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