Sarampo, HPV e mais: vacinação cai nas Américas e não recupera níveis registrados antes da pandemia


Entre os motivos para a queda na cobertura estão o aumento da desinformação e a falsa percepção de que essas doenças já não representariam risco para a saúde das pessoas. Houve queda na cobertura vacinal na região das Américas
Ascom / PMP
As Américas, que, por muito tempo, foram líderes de vacinação no mundo, registraram uma piora na cobertura vacinal, segundo alerta feito nesta quinta-feira (18) pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que é o escritório regional da Organização Mundial de Saúde (OMS).
👉 Em 2022, por exemplo, 1,2 milhão de crianças com menos de 1 ano de idade não tinham recebido nenhuma dose de vacina. Além, disso, 15% das crianças nessa faixa etária têm apenas proteção parcial contra doenças preveníveis por imunizantes.
De acordo com o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, a região não conseguiu recuperar os níveis de cobertura vacinal de antes da pandemia de Covid-19. Uma das preocupações é com a queda na vacina contra sarampo por ser uma doença altamente contagiosa e que já chegou a ser eliminada da região. Como tiveram surtos de sarampo recentemente, o Brasil e a Venezuela perderam o certificado de eliminação.
Outro receio da Opas é em relação à baixa vacinação de meninas contra o HPV, vírus responsável pelo câncer de colo de útero, uma das principais causas de morte entre as mulheres.
Historicamente, a nossa região é líder na eliminação de doenças e já há mais de uma década as coberturas vacinais vêm diminuindo significativamente.
Os fatores que explicam essa queda, segundo Barbosa, incluem:
falsa percepção de que as enfermidades eliminadas ou controladas já não representariam risco para a saúde das pessoas;
retirada dos programas de vacinação da lista de prioridades;
falta de adaptação dos serviços de saúde em termos da oferta de vacinação às demandas e estilos de vida atuais de modo a facilitar o acesso das pessoas às vacinas;
formação insuficiente dos profissionais de saúde em termos como eficácia e segurança das vacinas;
aumento da desinformação e do sentimento antivacina, especialmente desde a pandemia de Covid-19.
Cobrança aos governos
Para tentar reverter esse quadro, a entidade cobrou dos governos um compromisso com a vacinação de rotina, incluindo o aumento de investimentos no setor e a implementação de estratégias de comunicação eficazes para aumentar a adesão da população.
📅 De 20 a 27 de abril, a entidade promove uma semana de conscientização sobre a importância da imunização.
Barbosa ressaltou que a Opas continuará a garantir a oferta de 76 vacinas, incluindo contra polio, sarampo e HPV, além de ter um programa para apoiar a produção regional de imunizantes.
O diretor da Opas afirmou que, graças a um esforço de diversos países na região, foi possível recuperar os índices de cobertura vacinal aos níveis pré-pandemia, como 91% da população vacinada contra difteria e tétano, mas isso não é suficiente.
No caso da dengue, cerca de 5,2 milhões de casos de dengue foram registrados na região, com mais de 2.000 mortes.
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