Nesta sexta-feira (25), será lançado o documentário “Caminhada Tupinambá”, filme que celebra a força, a memória e a luta do povo Tupinambá de Olivença, um dos maiores povos indígenas da Bahia. Com direção de Jade Lôbo, Maurício Galvão e Arivaldo Publio, a produção é um manifesto audiovisual contra os silêncios coloniais, convidando o público a refletir sobre os desafios enfrentados pelos povos originários no Brasil. A exibição será às 18h30 no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (Mac Bahia), no bairro da Graça, em Salvador.
Com 40 minutos de duração, a obra tem como protagonista Cacique Maria Valdelice Amaral (Jamopoty), a primeira mulher a chefiar 14 aldeias do povo Tupinambá. O documentário acompanha a tradicional caminhada anual, uma das maiores manifestações públicas indígenas da Bahia, costurando, através de cantos e passos, a memória do massacre de 1559 à luta atual pela preservação dos territórios.
Retorno de um ancestral
Como símbolo, o filme destaca a luta pelo retorno do Manto Tupinambá, que representa a reconexão desse povo indígena com seus ancestrais. Em julho de 2024, após mais de 20 anos da luta iniciada pela anciã Tupinambá Amotara, o artefato foi devolvido do Museu Nacional da Dinamarca, onde estava guardado, para o Brasil. No entanto, contrariando o desejo dos indígenas, o manto ficou sob tutela do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e, desde então, a comunidade luta para que a vestimenta ritual retorne para sua terra, no sul da Bahia.
“É importante perceber que os artefatos são muito mais do que objetos, coisas. O que pode ser ‘coisa’ para exposição para o mundo colonial, para povos tradicionais, ali também contém o seu sagrado”, destaca Jade Lôbo, uma das diretoras do filme.
“Por isso, movimentos como o ‘Devolva o Meu Sagrado’ e esse que o povo Tupinambá de Olivença faz são tão importantes, porque mostram como é importante que os artefatos fiquem dentro do seu parentesco. No caso, o Manto Tupinambá é considerado um ancião, um mais velho. Então, ele precisa descansar e estar de volta com sua família”, completa.
Num contexto de luta pela demarcação dos territórios indígenas, a diretora também salienta que a existência do manto é uma evidência da longa história e presença do povo Tupinambá no seu território. A demarcação e o retorno do artefato para a Bahia, seria, portanto, uma maneira do país reajustar os rumos da sua própria história.
“O Estado brasileiro tem na mão a possibilidade de reescrever essa história levando segurança e paz ao território a partir da demarcação e garantindo o conhecimento e a perpetuação das pessoas dentro do território ao pensar uma construção de um museu dentro da própria comunidade, um centro de pesquisa que pode ser alocado e combinado com uma universidade, com um instituto de ensino e que pode trazer um grande ganho, inclusive fomentando o turismo da região”, propõe Lôbo.
Serviço:
O quê – Lançamento do filme “Caminhada Tupinambá”
Data: 25 de abril (sexta-feira)
Horário: 18h30
Local: Museu de Arte Contemporânea da Bahia (Rua da Graça, 284, Graça – Salvador)
Entrada gratuita, sujeito a lotação.