Em meio a onda de demissões, Microsoft dispensa quase 2 mil funcionários

Em meio a onda de demissões, Microsoft dispensa quase 2 mil funcionáriosEnzo Souza*

Especialistas analisam crise no setor de tecnologia e preveem mais demissões para este ano

A Microsoft, gigante da tecnologia e empresa dona da Xbox, demite aproximadamente 2 mil trabalhadores, cerca de 8,6% da equipe, do setor de jogos após a aquisição da Activision Blizzard, que ocorreu em outubro de 2023 pela bagatela de US$ 69 bilhões (R$ 342,93 bilhões em conversão direta na cotação de hoje, 30).

Em um memorando emitido com aval da Microsoft, o chefe da Xbox, Phil Spencer, diz que essa foi uma “decisão dolorosa”. A carta também sugere que as equipe da Xbox e da Zenimax, que cuida dos estúdios Bethesda e Arkane, serão afetadas. O chefe da gigante dos jogos também disse que a empresa fornecerá apoio total aos funcionários demitidos, incluindo indenização de acordo com as leis trabalhistas locais.

Segundo Spencer, as demissões fazem parte de um plano maior para identificar áreas de sobreposição após a aquisição da Activision Blizzard.

Em uma segunda carta da Microsoft, enviada pelo chefe da Microsoft Studios, Matt Booty, para a equipe da Blizzard, ele disse que estão previstas reuniões ao longo do dia para discutir o caso e que os trabalhadores de fora da América do Norte serão comunicados posteriormente. Matt também reforçou o compromisso com a indenização dos afetados pelo corte.

Nesse movimento, a Microsoft se junta mais uma vez a empresas como Google, Meta, Amazon e Twitch, responsáveis pela série de demissões que acontecem no setor de tecnologia desde a segunda metade de 2022. No início do ano passado, a própria empresa criada por Bill Gates anunciou o corte de 10 mil funcionários.

Segundo dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, compartilhados em dezembro de 2023, o grande número de demissões não condiz com a economia geral americana, que aparenta estabilidade, tendo em vista os altos gastos dos consumidores e o crescimento do PIB.

De acordo com alguns especialistas da área de jogos, as demissões são um efeito do grande boom de contratações que ocorreram durante a pandemia, no qual as pessoas, por estarem mais tempo dentro de casa, passavam mais tempo consumindo jogos.

“De volta ao reino da realidade, muitas empresas descobriram que estavam sobrestendidas, levando a essas redundâncias em massa. Isso está prejudicando muitas empresas excelentes e muitas pessoas extremamente talentosas”, comenta Harry Lang, vice-presidente de Marketing da desenvolvedora de jogos Kwalee, em entrevista ao The Drum.

Além dessa aparente crise no setor de tecnologia, as demissões na Microsoft seriam suficientes para pagar parte da compra da Activision Blizzard, que custou US$ 69 bilhões, e da desenvolvedora de inteligência artificial OpenAI, por US$ 10 bilhões.

 

O que o futuro nos reserva?

Mesmo que as demissões da Microsoft estejam mais relacionadas às questões financeiras internas da empresa do que ao mercado externo, alguns especialistas acreditam que a onda de demissões que está assolando o setor de tecnologia continuará ao longo deste ano.

“Todas as principais demissões que observamos agora podem ser uma otimização de custos e ajustes no mercado que podem oferecer as mesmas habilidades e competências por menos dinheiro”, disse Iryna Chuhai, diretora de Marketing da WePlay Studios, para o The Drum. Ela acredita que, por mais que este cenário seja desagradável, ele faz sentido.

Resta aguardar os próximos meses para saber se a economia do setor de tecnologia ganhará força novamente para, talvez, contratar possíveis futuras microempresas que esses trabalhadores podem criar a partir das demissões.

 

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