
Estudos científicos mostraram que nove grandes rios europeus apresentavam média de três microplásticos por metro cúbico de água revelando poluição massiva antes que os resíduos alcancem o mar. A pesquisa foi publicada em 7 de abril na Environmental Science and Pollution Research.
O estudo é resultado de pesquisas de 19 laboratórios, reunidos na Missão Tara Microplastics.
A publicação reúne informações de 14 estudos baseados em 2.700 amostras coletadas em 2019 nos rios Loire, Sena, Reno, Elba, Tâmisa, Ebro, Ródano, Tibre e Garona para avaliar a origem, a quantidade e os efeitos de microplásticos – partículas de 0,025 a 5 mm – que atravessam ecossistemas e desembocam no mar.
Todos os cursos d’água analisados apresentaram presença de microplásticos, com concentrações médias que variam de centenas a milhares de partículas por segundo em trechos de fluxo rápido, como no Ródano.
Essa constatação reforça o papel dos rios como principais vetores de transporte de plástico desde áreas urbanas e agrícolas até o oceano.
Tamanho diminuto, ameaça enorme
Os microplásticos menores (0,025–0,5 mm) são até mil vezes mais numerosos e pesados que os maiores (0,5–5 mm) na superfície dos rios.
Por serem invisíveis a olho nu, eles têm maior probabilidade de entrar na cadeia alimentar, do microzooplâncton aos peixes.
Testes com filtros naturais mostraram o efeito “esponja poluente” dos fragmentos, que carregam metais pesados, pesticidas e aditivos tóxicos.
Além disso, pela primeira vez, identificou-se a bactéria patogênica Shewanella putrefaciens aderida a microplásticos no Loire, demonstrando que “jangadas” de plástico podem transportar microrganismos prejudiciais por longas distâncias.
Chamado à ação urgente
Com a produção de plástico global projetada para triplicar até 2060, os autores concluem que é crucial reduzir drasticamente a fabricação de plástico primário e incluir a dimensão química dos resíduos nas políticas ambientais para proteger a saúde humana e o equilíbrio dos ecossistemas.