Velha fumante | Estrela que solta fumaça é descoberta na Via Láctea

Velha fumante | Estrela que solta fumaça é descoberta na Via LácteaDanielle Cassita

Estrelas para lá de curiosas foram encontradas no coração da Via Láctea. Estes objetos misteriosos foram descobertos por uma equipe de cientistas conduzida por Philip Lucas, professor da Universidade de Hertfordshire, que analisou quase um bilhão de estrelas no infravermelho.

Para o estudo, eles trabalharam com dados do telescópio Visible and Infrared Survey Telescope (VISTA), que faz parte do Observatório Cerro Paranal, no Chile. O VISTA permite que os astrônomos observem centenas de milhões de estrelas em comprimentos de onda do infravermelho.

A ideia era analisar as observações do VISTA com foco em cerca de 200 estrelas que mostraram mudanças significativas em seu brilho, e que fossem jovens. Em meio às estrelas selecionadas, eles identificaram 32 delas passando por erupções que aumentavam seu brilho em até 300 vezes.

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Aquelas explosões ocorreram por períodos que variaram desde alguns meses a anos, e pareceram ocorrer no disco de matéria que cercava as estrelas jovens. O processo pode acelerar o crescimento delas, mas também pode dificultar a formação de planetas. Para identificá-las, os autores deram a elas o apelido “recém-nascidos chorosos”.

Mas, além destas estrelas “bebês choronas”, os autores descobriram outras ainda mais curiosas no centro da Via Láctea. Ali, haviam 21 estrelas gigantes vermelhas mostrando mudanças intensas de brilho. Após analisar o espectro de sete delas e compará-lo a dados de outros estudos, os autores concluíram que elas pertencem a um novo tipo de gigante vermelha.

Dante Minniti, professor da Universidade de Andrés Bello, no Chile, explica que “essas estrelas idosas ficam quietas por anos ou décadas, e depois soltam nuvens de fumaça de forma totalmente inesperada” — por isso, elas receberam o apelido “velhas fumantes”. Segundo ele, estas estrelas podem parecer tão escuras e vermelhas que às vezes nem podem ser vistas.

Como o centro da Via Láctea é rico em elementos pesados, essas gigantes vermelhas têm alta metalicidade. Conforme envelhecem, elas podem liberar nuvens de poeira tão densas que podem acabar ocultas por algum tempo; é por isso que a estrela parece sumir temporariamente e depois volta a brilhar, quando as nuvens se dispersam.

Assim, o estudo pode ajudar os cientistas a entenderem melhor como os elementos pesados são incorporados às galáxias. “A matéria ejetada de estrelas antigas desempenha um papel fundamental no ciclo de vida dos elementos, ajudando a formar a próxima geração de estrelas e planetas”, explicou Lucas.

Os artigos que descrevem as descobertas foram publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

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