Câmara de São Caetano do Sul (SP) arquiva processo de cassação de vereadora do Psol

O líder do governo de São Caetano do Sul (SP), vereador César Oliva (PSD), solicitou na tarde da última terça‑feira (15) o arquivamento temporário do requerimento de cassação do mandato de Bruna Biondi (Psol).

O pedido havia sido protocolado por Oliva, que acusou a parlamentar de quebra de decoro. Bruna criticou a homenagem que a Câmara Municipal faria a Daniel Belucci Contro, diretor de um colégio particular de Santo André (SP).

Em 2021, durante audiência online com pais de alunos, Contro afirmou que identidade de gênero “não será tida como normal nesta escola” e que “ciganos, homossexuais, criminosos se organizaram para atacar os valores da sociedade tradicional judaico-cristã”.

A sessão que determinou o destino da denúncia foi tumultuada, com a presença de apoiadores de Biondi nas galerias. Após quatro interrupções na votação, Oliva decidiu retirar o processo.

Biondi foi reeleita em 2022 para o cargo de vereadora com 5.848 votos, a maior votação já registrada para um parlamentar na história de São Caetano. A psolista é a única mulher entre os 21 vereadores da Câmara Municipal do município.

À imprensa local e aos seus pares, Oliva afirmou que solicitou o arquivamento do documento para apresentar uma nova denúncia “mais robusta” contra Biondi. A atual possui 800 páginas.

Ao Brasil de Fato, Bruna Biondi afirmou que “esse pedido vem envolto de misoginia“. “Além do fato de que sou a única mulher aqui da Casa, há um mês um vereador denunciado por mim foi condenado por violência política de gênero, que é uma prática sistemática dos vereadores de São Caetano.”

O caso envolve o vereador Américo Scucuglia (PRD), que foi condenado pela Justiça Eleitoral no dia 18 de março desse ano. O episódio ocorreu em fevereiro de 2024, na Câmara Municipal de São Caetano.

“Se deixasse pela nossa Maria do Rosário aqui de São Caetano, seria uma beleza o Brasil, mas graças a Deus que a esquerda é uma minoria”, afirmou Scucuglia. Na sentença, o juiz eleitoral afirmou que o vereador incidiu “no dolo de impedir ou dificultar a fala da vítima no exercício de seu mandato eletivo por meio do menosprezo à condição de mulher.”

A frase foi entendida como uma alusão à de Jair Bolsonaro em relação à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). O ex-presidente afirmou que “não a estupraria porque ela não merecia”.

“Os outros vereadores se viram no caso desse que foi condenado e serviu de lição. Se esse vereador tiver a sentença confirmada em segunda instância, ele vai ficar inelegível por oito anos. Isso gerou um sentimento de corporativismo na Casa e eles tentam se vingar por eles”, finaliza Biondi.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.