A cidade de São Paulo terá uma paralisação dos servidores municipais nesta quarta-feira (16), convocada por diversas categorias da administração pública. A mobilização é contra o Projeto de Lei (PL) 46/2025, enviado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) à Câmara Municipal, sobre reajustes salariais. O envio teria sido feito sem diálogo com as entidades sindicais, segundo denuncia Luciana (Luba) Melo, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindesp).
“O PL caiu como uma bomba em cima dos servidores. Tínhamos como calendário o dia 25 de abril, que é uma data em que professores da rede estadual também estarão em mobilização, mas houve a antecipação desse projeto sem nenhuma conversa ou negociação com entidades que tem se mantido no diálogo com trabalhadores”, afirmou Luba em entrevista ao Conexão BdF, do Brasil de Fato.
Entre os pontos mais criticados no projeto estão os reajustes salariais de 2,6% em 2025 e 2,55% em 2026, que, segundo os servidores, não repõem sequer a inflação acumulada, estimada em 4,88% pelo Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo (IPC-Fipe). A categoria reivindica um reajuste linear de 12,9% para todo o funcionalismo e o fim do desconto previdenciário de 14% sobre aposentados e pensionistas, além do aumento do piso salarial para todos os profissionais da educação municipal.
A concentração da greve será em frente à Câmara Municipal, a partir das 13h. “Nós estamos lutando para que as nossas pautas fundamentais de fato aconteçam, que o prefeito Ricardo Nunes se sensibilize com a situação dos servidores públicos”, disse Luba.
De acordo com a vice-presidente, a gestão de Nunes é “muito truculenta, difícil, que cada vez mais endurece com profissionais”. Ela afirma que a categoria vai pressionar a gestão por entender que “o orçamento da prefeitura é recorde, então Ricardo Nunes não tem como negar condições de dar um reajuste adequado aos servidores.”
A dirigente também destacou as más condições de trabalho enfrentadas por profissionais da rede pública, o adoecimento dos trabalhadores e a precarização dos serviços essenciais, como saúde e educação. “As condições de trabalho são péssimas. Vários profissionais trabalham em situações precárias, muitos estão se afastando por conta de adoecimento, inclusive por questões laborais. Com a alta da temperatura, por exemplo, tem profissionais que trabalham nas ruas sem nenhum tipo de assistência, e a prefeitura não tem o olhar para essa situação.”
Privatizações
Outro eixo da mobilização é a luta contra a terceirização e a privatização de serviços públicos. “Temos mais da metade das CEIs [Centros de Educação Infantil] terceirizadas, unidades de saúde e assistência social na mão das organizações sociais terceirizadas. (…) A privatização dos cemitérios, que resistimos por anos, foi aprovada, na contramão do que os países estão fazendo. Mas vamos reacender essa luta”, garantiu.
A expectativa é de forte adesão. Embora algumas áreas essenciais, como saúde e segurança, mantenham serviços mínimos, Luba afirma que o movimento será organizado e dialogado com a população. “A greve é também um momento de explicar para os usuários o que está acontecendo. E a população tem entendido e se solidarizado com a nossa luta.”
A mobilização desta terça se soma a outras greves e paralisações históricas dos servidores da capital, como a luta contra a reforma da Previdência municipal (SampaPrev) em 2018 e 2019, e greves realizadas durante a pandemia da covid-19. “Os servidores públicos da cidade de São Paulo são de muita resistência. Não é de hoje que enfrentamos governos truculentos”, ressaltou Luba.