MP denuncia líder espiritual por crimes sexuais contra 16 mulheres em SP e pena pode somar 136 anos


Promotoria quer que acusado responda por estupro, importunação sexual, violação sexual mediante fraude e exercício ilegal da medicina. Jessey Maldonado Monteiro teve a prisão preventiva confirmada pela Justiça
Wesley Justino/EPTV
O Ministério Público Estadual (MP-SP) ofereceu acusação formal à Justiça contra Jessey Maldonado Monteiro, líder espiritual apontado pelas investigações da polícia como autor de crimes sexuais contra, ao menos, 16 mulheres em Socorro (SP). O suspeito está preso desde 15 de janeiro.
A defesa do acusado nega as acusações e diz que está recorrendo da prisão. Veja o posicionamento na íntegra no final desta reportagem.
Na denúncia, assinada nesta sexta-feira (26) pelo promotor de Justiça Rafael Briozo, o homem de 49 anos é acusado de:
14 crimes de violação sexual mediante fraude;
4 crimes de estupro;
2 delitos de importunação sexual;
1 crime de exercício ilegal de medicina.
Segundo o Ministério Público, se condenado, Jessey pode pegar penas entre 54 anos e seis meses e 136 anos pela prática dos crimes.
“Ficou demonstrado que o acusado era integrante de um centro de umbanda e usava sua posição na entidade religiosa para oferecer supostos tratamentos mediúnicos feitos à base de massagens. Durante esses procedimentos, ele praticou atos libidinosos contra diversas mulheres”, diz o MP.
A Promotoria de Justiça afirma na denúncia que o acusado cometeu os crimes no consultório próprio e também no hospital em que ele atuava.
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“Uma das vítimas tinha 17 anos na época dos fatos e sofreu os abusos na presença da própria mãe. Ainda segundo as investigações, o denunciado atacou também uma paciente e uma estagiária do hospital em que trabalhava”, aponta a acusação.
A investigação
Segundo a polícia, 16 mulheres disseram, em depoimento, que foram abusadas durante massagens, terapias e atendimentos de Jessey. O investigado atuava há mais de 20 anos na área da saúde e, até ser preso no dia 15 de janeiro deste ano, chefiava o setor de radiologia da Santa Casa de Socorro.
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Segundo a delegada responsável pela investigação, Leise Silva Neves, caso apareçam novas vítimas, um novo inquérito será aberto.
Suspeito foi preso pela Polícia Civil de Socorro nesta terça-feira (16)
Wesley Justino/EPTV
No primeiro inquérito constam:
O depoimento de 16 mulheres que acusam formalmente Jessey pelos abusos;
O depoimento de 5 testemunhas;
O depoimento de representantes do templo de umbanda que Jessey frequentava;
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Relembre o caso
Jessey Maldonado Monteiro foi preso no dia 15 de janeiro suspeito de estuprar mulheres durante atendimentos “terapêuticos”. O caso veio à tona após um grupo de mulheres ter procurado uma representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Socorro (SP).
Jessey teve a prisão preventiva mantida pela Justiça no dia seguinte e, desde então, está preso em Sorocaba (SP). Segundo a polícia, o suspeito fazia atendimentos terapêuticos diversos em um consultório na casa dele e também atuava como líder espiritual se descrevendo como uma pessoa “com poderes superiores”. Entre os serviços oferecidos pelo suspeito, estavam:
Ozonioterapia
Quiropraxia
Terapias psicológicas
Massagens
Hipnoses
Terapias de regressão
Acessórios sexuais, seringas e outros itens foram apreendidos na casa do suspeito.
Polícia Civil/Divulgação
O que diz a Santa Casa
Em nota, a Santa Casa disse que “está totalmente surpresa com os últimos acontecimentos envolvendo o Sr. J.M.M e que não tinha qualquer conhecimento sobre os casos de abuso sexual supostamente cometidos por ele”.
A entidade ainda manifesta encarecidamente a sua solidariedade às eventuais vítimas. “No mais, se coloca inteiramente à disposição das autoridades para auxiliar no deslinde da questão, caso seja necessário”.
O que diz o templo
Os advogados do templo de umbanda informaram que não tiveram acesso aos autos do inquérito policial. O espaço e seus representantes legais negam qualquer participação nos crimes que estão apurados e afirmam que se solidarizaram com as vítimas “se comprometendo a auxiliar a autoridade policial na apuração dos fatos”.
Veja nota da defesa do investigado
O advogado RICARDO RAFAEL, que patrocina a defesa do investigado informa que não se manifestará sobre o mérito do caso, uma vez que os autos se encontram em segredo de justiça, e que no momento oportuno demonstrará toda a improcedência acusatória.
Iremos aguardar a manifestação do Ministério Público e, agora, estamos agora lutando contra a prisão, que consideramos ilegal.
A respeito da prisão preventiva decretada, a defesa informa que, respeita a decisão, mas irá recorrer, pois os argumentos utilizados não encontram respaldo legal, onde a presunção da inocência deve prevalecer, sua decretação é uma afronta aos princípios basilares do Estado Democrático de Direito, regras que regem o processo penal brasileiro.
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