Conheça carnavalesco que carrega porta-estandarte do Galo da Madrugada desde fundação do maior bloco do mundo


Fernando Zacarias é porta-estandarte há 52 anos e, há 46 deles, é responsável pelo símbolo do Galo da Madrugada. Conheça carnavalesco que carrega porta-estandarte do Galo da Madrugada
Há 45 carnavais, o estandarte do Galo da Madrugada, maior bloco de rua do mundo, é carregado pela mesma pessoa. O porta-estandarte Fernando Zacarias tem 82 anos e, neste ano, se prepara para o 46º desfile com muita disposição e alegria (veja vídeo acima).
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Fernando Zacarias tem 52 anos dedicados à arte pela qual se apaixonou ainda criança: a de carregar um estandarte. A casa dele é repleta de homenagens e prêmios conquistados ao longo dos anos.
Ele contou que, quando começou a admirar os porta-estandartes, tinha menos de 10 anos de idade, vendo os blocos passarem na Praça da Independência, no Centro do Recife.
“O carnaval não era como é hoje, era muito diferente. Tinha feito uma rampa, chamada passarela. A agremiação ia, subia e o porta-estandarte ficava lá em cima, e eu ficava observando, olhando, e aquilo ficou na minha memória. […] Quando eu voltava, comprava papel de seda, pegava cabo de vassoura e fazia um estandarte para brincar com meus irmãos e colegas”, afirmou.
A estreia como porta-estandarte foi no carnaval de 1972, quando ele desfilou com os Abanadores do Arruda e no Clube das Pás. Em 1973, ele começou a participar do concurso de porta-estandarte da prefeitura do Recife.
Fernando Zacarias, porta-estandarte do Galo da Madrugada
Reprodução/TV Globo
Foi campeão várias vezes, e chamou a atenção de Eneias Freire, diretor do então recém-criado Galo da Madrugada. Foi aí que foi escolhido para levar, pela primeira vez, o estandarte daquele que se tornaria o maior bloco de rua do mundo. Desde então, ele nunca faltou a um desfile.
Sempre elegante, Fernando Zacarias preza sempre pelo figurino, com roupa e sapato no estilo dos antigos reis franceses. No paletó, os bordados são feitos pela filha dele, Maria Estela, que também é responsável por confeccionar a peruca branca de lã.
“O porta-estandarte de uma agremiação, no desfile, ele leva, conduz, o maior símbolo da agremiação, que é o estandarte. Porque, se colocar uma orquestra com um bocado de gente no meio da rua, o pessoal pergunta ‘aquilo que vem ali é o quê?’ Quando vê o porta-estandarte, diz ‘lá vem um clube'”, afirmou o porta-estandarte.
Em 2022, Fernando Zacarias ganhou, dos vereadores do Recife, uma medalha pelos serviços prestados ao carnaval. Em 2023, ele concorreu com mais de 20 nomes e ganhou o título de Patrimônio Vivo do Recife, reconhecimento dado neste ano pelo Conselho Municipal de Política Cultural.
“Um sonho de criança que se tornou realidade. É um reconhecimento da minha hitória no carnaval do Recife”, contou.
Imagem de arquivo mostra Fernando Zacarias com o estandarte do Galo da Madrugada
Reprodução/TV Globo
Além de porta-estandarte, Fernando Zacarias é um dos diretores do Galo. Na sede, conhece todo mundo.
“Eu fico muito satisfeito, e até orgulhoso, em saber que o Galo gera frutos para os participantes, que vão conseguindo se destacar na cultura, independentemente do bloco, mas por seus valores pessoais. Zacarias é mais que merecedor desse título”, disse Rômulo Meneses, diretor do Galo.
Aos 80 anos, Fernando Zacarias está pronto para encarar mais um desfile. A missão de levar o estandarte de 30 quilos por seis quilômetros será revezada com três pessoas. O neto, Vinicius Artur Zacarias, já está sendo treinado para o ofício, e é cotado para substituir o avó na agremiação.
“Eu já estou tão acostumado que a gente nem parece que está carregando peso. Agora, fica mais pesado no final, por causa do cansaço, mas, para mim, é muito importante. É uma maravilha eu ser o porta-estandarte de um bloco, que não é bloco, é clube de máscaras. O maior do mundo”, afirmou.
Agora, como Patrimônio Vivo, Zacarias planeja um livro sobre a trajetória e um curso de porta-estandarte.
“O conselho que elege democraticamente, de forma transparente, esses candidatos que vão para a final. Eles olham para o lugar que ocupam nesse ciclo e a importância que têm na troca de saberes para a gente levar à frente essas funções nos nossos ciclos culturais. […] O Patrimônio Vivo assume esse lugar de levar a trajetória, a história, para as novas gerações para gente ver a renovação na tradição”, disse Ricardo Mello, secretário de Cultura do Recife.
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