Record justifica demissão de repórter com doença degenerativa

Arnaldo Duran foi demitido da Record em dezembro de 2023Reprodução/Record

Após o jornalista Arnaldo Duran lamentar sua demissão da Record na antevéspera de Ano Novo e classificar a decisão como uma maldade e um ato desumano pelo fato de ter uma doença degenerativa neurológica, a emissora decidiu se posicionar, e usou como justificativa pela dispensa do profissional o processo de reestruturação em seu Jornalismo, que custou duas demissões em massa no segundo semestre do ano passado.

“O departamento de Jornalismo da RECORD passou por uma reestruturação no final do ano passado e alguns profissionais deixaram a emissora, entre eles o Arnaldo Duran, que agradecemos pelo trabalho desenvolvido durante o período que esteve conosco e deixamos as portas abertas para oportunidades pontuais futuras. Em tempo, afirmamos que a RECORD, por sigilo das informações pessoais, nunca comenta com a imprensa qualquer movimentação de seus colaboradores, bem como seus salários”, disse a emissora em nota enviada à coluna.

Duran foi diagnosticado com a síndrome de Machado-Joseph, uma doença degenerativa do sistema nervoso, e por conta da demissão ficará sem o benefício do plano de saúde que ele tinha direito por ser funcionário da Record. A coluna apurou que a cobertura do seguro se encerra ao final de fevereiro, mas o jornalista deu entrada no pedido de permanência no contrato com a empresa de saúde. A única diferença é que agora o custo será pago de seu próprio bolso.

Em entrevista à jornalista Fábia Oliveira, do Metrópoles, Duran lamentou sua demissão, e disse que mesmo com as limitações de sua condição, que tem dificultado sua locomoção, ele tem conseguido se comunicar sem problemas.

“Eu fiquei assustadíssimo, não me lembro de ter nenhuma reação quando me disseram. A ficha não caiu e acho que não caiu até agora (…) Eu tenho uma doença neurológica degenerativa que se chama Machado-Joseph, que agora é conhecida no mundo como SCA3. E eu acreditava que se eu não ia perder o emprego fácil assim. Porque, apesar das dificuldades que essa doença traz, por exemplo, no equilíbrio eu já quase não consigo ficar em pé, só posso andar com o aquele andador. Mas eu falo muito bem ainda”, declarou.

O jornalista se mostrou muito chateado por ter sido demitido no momento em que mais precisa da empresa, na qual trabalhou por mais de 17 anos. Além da perda do plano de saúde, ele também se incomodou ao saber que a Record teria ventilado na imprensa que sua demissão se deu por conta de seu alto salário.

“A minha demissão foi um ato desumano. Por quê? Além de tudo o que aconteceu, a Record espalhou que me demitiu por causa do salário alto. Já me queimou no mercado. [Os contratantes pensam] ‘Eu não vou contratar o cara porque ganha, não tenho dinheiro pra pagar’. E espalhou pelo mundo inteiro também que eu tenho a doença neurológica degenerativa”, comentou.

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