Carlos Bolsonaro: entenda a investigação da PF sobre a ‘Abin paralela’

Abin teria sido usada para favorecer o entorno do ex-presidenteReprodução/Abin

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi alvo nesta segunda-feira (29) de operação da Polícia Federal (PF) relacionada ao caso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Na última semana, as investigações tinham mirado o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor-geral da agência durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

As investigações da PF dizem respeito a uma suposta organização criminosa que teria se instalado na Abin durante o governo Bolsonaro. Denúncias apontam para o monitoramento ilegal de autoridades públicas e outros cidadãos, utilizando ilegalmente um sistema para rastrear a localização de dispositivos móveis, como celulares, sem autorização judicial.

O sistema em questão é o software First Mile, adquirido durante a gestão de Ramagem na Abin. Esses monitoramentos ilegais teriam sido feitos para benefício pessoal dos envolvidos.

Na última semana, a PF cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares, como a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais. 

“As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na ABIN e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”, afirma a PF.

Segundo a Polícia Federal, os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

De Ramagem a Carlos Bolsonaro

De acordo com as investigações, a “Abin paralela” teria sido usada para monitorar desafetos da família do ex-presidente Bolsonaro. A promotora do caso Marielle, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia são algumas das pessoas que teriam sido monitoradas pela organização criminosa.

De acordo com o blog da jornalista Camila Bomfim no G1, a investigação chegou a Carlos Bolsonaro porque a PF suspeita que o vereador tenha recebido materiais obtidos ilegalmente pela Abin.

Na última semana, a jornalista Daniella Lima, da GloboNews, já havia afirmado que a PF investiga o uso da Abin para produzir informações sobre adversários políticos de Jair Renan e Flávio Bolsonaro, irmãos de Carlos.

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