
Biólogo explicou que uma arara-canindé com lutinismo é considerada um fenômeno raro e exótico. Registro foi feito em Santa Rita do Tocantins, região leste do estado. Arara com coloração diferente chamou atenção de produtores rurais
Uma arara-canindé com uma mutação rara chamou atenção de fazendeiros em Santa Rita do Tocantins, região leste do estado. Segundo especialista, a ave possivelmente tem lutinismo, uma condição genética que resulta na ausência de melanina, fazendo as penas apresentarem uma coloração esbranquiçada.
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O produtor rural Paulo Sérgio Vendrusculo registrou a ave se alimentando dos grãos que sobraram da colheita de soja na tarde do dia 1º de abril. Ele diz que a arara está há quase um mês se alimentando da plantação e sempre a vê afastada do bando.
“Ela foi vista há pouco tempo na plantação de soja, e o pessoal [funcionário] que estava fazendo a colheita me ligaram e disseram: ‘Paulo está tendo um casal de araras aqui’. Mas, eu particularmente vi ela sozinha”, contou o produtor rural.
O biólogo Tulio Dornas, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres, explicou que a ave apresenta uma mutação cromática na plumagem. A condição pode estar relacionada a duas anomalias conhecidas, leucismo ou lutinismo.
“O indivíduo do vídeo apresenta uma anomalia cromática em sua plumagem. Essa condição aberrante da plumagem tem origem em mutações genéticas, havendo a expressão de genes recessivos para pigmentação das aves”, explicou.
Registro foi feito em Santa Rita do Tocantins, região leste do estado.
Arquivo Pessoal/ Reprodução
Segundo o especialista, as duas condições são parecidas e seria necessária uma avaliação mais aprofundada para definir a causa. Apesar disso, a mutação é considerada rara, tornando a ave exótica.
Segundo o biólogo, indivíduos com leucismo/luteinismo foram identificados nos municípios de Porto Nacional, Brejinho de Nazaré e Aliança do Tocantins.
Diferenças entre Leucismo e lutinismo
Leucismo: É uma mutação genética resultante de uma redução ou ausência de pigmentação nas penas de aves. É uma anomalia cromática que pode se apresentar de forma total ou parcial no corpo do animal.
As características das aves que sofrem de leucismo são:
Penas brancas ou muito pálidas;
Partes do corpo, como olhos, bico e tarsos, podem perder melanina da coloração típica da espécie;
A mutação pode ocorrer total ou somente em partes do corpo da ave;
Lutinismo: É uma mutação genética que pode impedir a síntese de melanina nas aves, resultando em uma plumagem amarelada ou avermelhada, que no caso das aves é a chamada psitacina. Além de ser um fenômeno raro da natureza.
As características destas aves que apresentam a falta de melanina são:
Coloração amarelada ou avermelhada é devida à deposição de carotenoides nas penas;
Além da padronagem lutina popular em calopsitas e periquitos-australianos.
Arara geralmente é vista sozinha
Outro registro dá arará foi feito pelo autônomo Leandro Ferreira Martins, no dia 30 de março, durante uma visita à fazenda do Paulo Sérgio.
Leandro disse que sempre encontra a arara com lutinismo afastada das outras aves de sua espécie, mas neste dia a avistou acompanhada por outra arara-canindé pela primeira vez.
“Tinha acabado de chover e ela estava se secando em pau seco de uma árvore com uma outra ao lado, mas toda vez que vemos essa arara ela está mais isolada, como se fosse rejeitada pelo bando. Se ela estiver em uma árvore, as outras [araras-canindés] vão para outra mais afastada dela”, afirmou.
O biólogo Túlio Dornas ressalta que ainda não há nenhum estudo que comprove que as araras-canindés com lutinismo podem sofrer rejeição da espécie devido à falta de melanina na pigmentação das penas.
“Em outras situações semelhantes observadas em campo, o indivíduo de plumagem aberrante permanece junto do bando. No vídeo, inclusive, o indivíduo com lutismo encontra-se acompanhado de outro com plumagem padrão, provavelmente são um casal”.
Arara com coloração diferente foi flagrada em lavoura do Tocantins
Sobre a arara-canindé
A arara-canindé é considerada uma ave de grande porte, com plumagem de cores azul na parte superior e amarela na parte inferior, sendo a espécie mais comum de arara no Tocantins.
A ave pode medir até 80 cm de comprimento e pesar cerca de 1,3 kg, vivendo em média por 50 anos na natureza. Os ninhos da arara-canindé são encontrados em buracos nos troncos de árvores e palmeiras.
De acordo com o biólogo, elas se alimentam de frutos como pequi, caju, vagens de ingá, frutos de palmeiras como buriti, goiaba, jamelão ou azeitona-preta. Grãos de soja não colhidos em plantações, ou recém-colhidas, também podem servir de alimento.
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