MP alega risco de vingança e pede que líder religioso investigado por abusar de mulheres em MT volte para prisão


Segundo a Polícia Civil, o investigado manipulava as vítimas e usava um chá indígena para dopar mulheres e praticar abusos sexuais. Caso de violência contra a mulher foram registrados no interior do Maranhão.
Asiandelight/Shutterstock
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) recorreu ao Tribunal de Justiça pedindo para que o líder religioso, de 64 anos, investigado por usar um chá indígena, denominado hoasca, para dopar mulheres e praticar abusos sexuais contra elas, volte para a prisão, em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá. O acusado foi solto nessa sexta-feira (26).
Segundo o promotor de Justiça Saulo Pires de Andrade Martins, a liberdade do religioso representa risco para as vítimas, uma vez que ele pode buscar vingança contra elas ou constrangê-las por meio de ligações ou redes sociais, pelo fato de se tratar de uma pessoa influente na região.
O g1 tenta contato com a defesa do acusado.
O promotor afirma também que o restabelecimento da prisão do acusado procura “resguardar o direito à segurança coletiva, a manutenção da ordem pública, além de garantir a futura aplicação da lei penal”.
De acordo com a Polícia Civil, três vítimas denunciaram o líder, sendo uma em Lucas do Rio Verde, uma em Sinop e outra em Alta Floresta.
Ao g1, a delegada responsável pelo caso, Ana Caroline Lacerda, contou que o suspeito se aproveitava da posição que tinha dentro do centro religioso para praticar os crimes durante os rituais. Ele teria levado atendimento espiritual nas outras duas cidades.
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Relembre o caso
O líder religioso foi preso preventivamente no dia 2 de agosto de 2023, após três denúncias de abuso sexual contra mulheres durante tratamentos espirituais. Segundo a polícia, os abusos teriam ocorrido em dias diferentes com cada vítima.
Na época, a delegada Ana Caroline Lacerda disse que as investigações apontavam que o suspeito agia por meio de manipulação psicológica, sob argumentos de conexão e troca energética, colocando de forma fraudulenta na mente das vítimas, a necessidade de realização de um ritual espiritual.
Acreditando que receberiam uma cura espiritual, as vítimas deixavam que o suspeito realizasse toques corporais, que configuraram atos libidinosos, chegando em um dos casos ao ato sexual, após ingestão de um chá indígena, denominado hoasca.
Hoasca
Chá de ayahuasca mobiliza estudos na USP de Ribeirão Preto
Giordano Novak Rossi
A bebida tem origem em plantas encontradas na floresta amazônica com potencial alucinógeno. O produto possui alguns ingredientes ativos, como:
N, N-dimetiltriptamina (ou DMT);
Alcaloides harmala, um composto químico que impede a decomposição da droga no corpo.
Aqueles que bebem ayahuasca — como a planta também é conhecida —, relatam ver formas e cores e ter alucinações, às vezes aterrorizantes, que podem durar horas. Nesse estado de sonho, alguns dizem que encontram parentes mortos.
As raízes são usadas há centenas de anos por grupos indígenas na Amazônia. No século passado, no Brasil e em outros países da América do Sul, surgiram igrejas na América do Sul, onde a ayahuasca é legal.
No Brasil, algumas das igrejas que ministram a planta têm como inspiração uma mistura de influências cristãs, africanas e indígenas.
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