Duas cidades de Goiás lembram os 150 anos de morte de Veiga Valle, mestre da arte Barroca

O artista goiano desenvolveu sua própria técnica: o cozimento da madeira em ervas, em grandes tachos, dava mais durabilidade às obras barrocas. Mais de 220 dele já foram catalogadas e expostas em museus importantes. Duas cidades de Goiás fazem homenagens a um mestre da arte barroca
Um mestre da arte Barroca que morreu há 150 anos está sendo homenageado por duas cidades em Goiás.
Os sinos das igrejas centenárias anunciam as homenagens a José Joaquim da Veiga Valle. A cidade de Goiás, patrimônio mundial da humanidade, se enfeitou com uma exposição a céu aberto. No altar da Igreja do Rosário, ao lado de imagens sacras, o rosto do santeiro que esculpiu obras importantes no século XIX.
“O Veiga Vale falece em 1874, e eu digo que ele falece como um homem. Hoje, ele seria um gênio. Como tem um gênio do Barroco mineiro, que foi o Aleijadinho, o Veiga Valle vem como gênio do Barroco goiano”, diz Guilherme Veiga, trineto de Veiga Valle, organizador das homenagens.
A obra do escultor atravessa gerações, com características marcantes e uma assinatura presente nas mãos: os dedos, unidos, formam dois “V”, uma referência ao nome de Veiga Valle.
O artista goiano desenvolveu uma técnica própria: o cozimento da madeira em ervas, em grandes tachos, dava mais durabilidade às obras barrocas. Mais de 220 já foram catalogadas e expostas em museus importantes como o Masp, o Museu de Artes de São Paulo. O Senhor Bom Jesus dos Passos tem cabelos humanos. Pequenas pedras de rubi dão brilho à representação das gotas de sangue.
Pirenópolis, cidade onde Veiga Valle nasceu, também presta homenagens ao escultor. Na Fazenda Babilônia, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, uma capelinha guarda uma obra importante do escultor: a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Na cidade de Goiás, esculturas de acervos particulares estão expostas no Museu da Justiça. No de Arte Sacra da Boa Morte, a mostra é permanente e gratuita.
“É de uma delicadeza sem igual”, comenta a professora Margarida Cavalcante Urzeda de Paula.
A casa do escultor, pertinho da Igreja do Rosário, pertence ainda hoje à grande família de oito filhos e incontáveis descendentes cheios de orgulho.
“Fazer um trabalho primoroso como ele fez, a partir de toda a dificuldade, torna ele maior ainda”, afirma Juliane da Veiga Jacomo, bisneta do Veiga Valle.
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