Quatro pessoas são presas na nova fase da operação que investiga desvio de emendas parlamentares


Criminosos atuavam em pelo menos 14 estados onde mantinham contratos superfaturados com órgãos públicos e conquistados graças a fraudes em licitação. Três agentes públicos e um policial federal são presos na Bahia
Quatro pessoas foram presas nesta segunda-feira (23) na nova fase da operação que investiga desvio de dinheiro de emendas parlamentares. Foram presos agentes públicos da Bahia e o policial Federal, Rogério Magno Almeida Medeiros.
Segundo as investigações, o policial recebia propina mensal de R$ 6 mil há pelo menos dois anos para fornecer informações privilegiadas ao grupo.
De acordo com a polícia federal, Rogério foi acionado para identificar quem seria o homem que aparece dentro de um prédio de um dos investigados. Ele então fez um alerta de que se tratava de um agente federal.
Os envolvidos no esquema foram avisados sobre a necessidade de destruir provas quanto antes, pois o grupo poderia ser alvo de uma operação a qualquer momento.
Dois operadores do esquema falam como vão se desfazer de documentos
Jornal Nacional
Conversas monitoradas pela polícia federal mostram que foi exatamente o que fizeram. Em uma delas, dois operadores do esquema falam como vão se desfazer de documentos.
Geraldo: limpe tudo porque diz que vem uma operação braba aí agora. Nosso caso irmão, carimbo de empresa que tem lá, não é para ter aquilo lá. Aquilo ali é perigosíssimo. Não é para ter nada de timbrado de outras empresas, aqueles documentos, lá.
Iuri: aqui, qualquer hora pode bater alguém na porta.
Geraldo: eu e você temos que ir lá, pegar tudo que tiver de cotação impressa de outras empresas. O que tiver de impressão de coisa lá de proposta de terceiros… triturador, triturador. Lá tá com três “triturador” trabalhando em tempo real, você não tem noção. Ele já mandou fazer uma limpeza lá no meu setor.
Em outro trecho da conversa, falam abertamente sobre as fraudes que cometiam.
“Porque a bem da verdade, ali, o que eles tinham que fazer, cada um ligar, contactar uma empresa, pegar as cotações e tal, e isso não é feito. A gente monta os processos e manda ponto e isso tá errado. Entendeu? Então, aqueles carimbos é pra sumir da empresa, não é pra ter aqueles carimbos lá”, diz Geraldo.
Os criminosos atuavam em pelo menos 14 estados onde mantinham contratos superfaturados com órgãos públicos e conquistados graças a fraudes em licitação.
Entre os mais de 500 documentos apreendidos no dia 3 de dezembro, em um jatinho – havia planilhas que revelam o pagamento de propina em obras financiadas com recursos das emendas parlamentares.
Também foram presos hoje:
o vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Galvão Cafezeiro Neto;
o ex-prefeito de Santa Cruz da Vitória, Carlos André de Brito Coelho; e
Lucas Moreira Martins Dias, secretário de mobilidade de Vitória da Conquista.
Além da Bahia, os policiais estiveram em endereços em brasília.
Em outra fase da operação, dezesseis pessoas já haviam sido presas, mas foram liberadas pela justiça e respondem em liberdade.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa dos quatro presos na operação desta segunda-feira (23).
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