Pai Olavo é o primeiro Òlùwò Líṣà do Brasil reconhecido pela África

“Mais um rei foi coroado no Brasil. O primeiro Líṣà. A África, mais uma vez, olha pro Brasil”. Com essas palavras, Ólùwò Adésòólá Atinúkólá, mais conhecido como Pai Olavo, explica a importância da coroação como o primeiro Líṣà Ògbóni do Brasil, que, em tradução livre, significa “guia” ou “aquele que lidera”.

Mineiro, ávido pela prática da cultura Iorubá em sua forma primordial, Pai Olavo encara mais um passo dentro da jornada espiritual. Ele é um dos pioneiros na solidificação desta nova era.

Como o próprio Adésòólá conta, o brasileiro foi muito privado da verdade, até mesmo por irmãos da religião. “Essa coroação pode vir a servir como ponte, pra que a verdade finalmente alcance mais brasileiros, e que, cada dia mais, possamos ver mais gente conseguindo aquilo que precisam e desejam com o auxílio dos ancestrais, sem medo de serem enganados ou de estarem fazendo errado.”

Assim, esse reconhecimento é uma vitória ao povo brasileiro, principalmente às religiões afro-brasileiras originárias do Culto Tradicional Iorubá ou Ìsésé Làgbá, o Candomblé e a Umbanda. “Não é uma vitória minha, é um mérito de todos aqueles que resistiram ao tempo, à estrada, ao caminho.”

Adésòólá é um dos grandes responsáveis por propagar e fortalecer as tradições espirituais africanas no Brasil, como de Exu (Orixá da ordem) e Ìyàmi (Mãe Ancestral).

“Coroamos um Rei, o que é importantíssimo. É o reconhecimento do continente africano, pelo trabalho aqui realizado, nos aproximando cada vez mais da cultura dos Orixás praticada na África.”

Ólùwò Adésòólá Atinúkólá

O título de Líṣà se une ao outro título de Ólùwò – título de respeito e liderança, frequentemente traduzido como “chefe sacerdote” ou “líder espiritual” -, tornando assim Adésòólá em Líṣà Ólùwò.  

Em conjunto, o nome expressa liderança espiritual, prosperidade, honra e grandeza desde o nascimento.

“Essa não é uma coroa que me pertence, ela nos pertence, é a oportunidade que o brasileiro tem de finalmente tocar no culto verdadeiro de Orixá. É a oportunidade de um brasileiro se orgulhar de outro brasileiro que está ajudando a abrir as portas do reconhecimento e do conhecimento para os demais.”

Ólùwò Adésòólá Atinúkólá

A coroação de um Líṣà no Brasil vem carregada de reconhecimento internacional, fortemente inclusive na África. Isso evidencia o Brasil num sentido de capacidade e potencial.

A posição ocupada permite ao Pai Olavo fortalecer a unidade entre os praticantes e unificar a comunidade espiritual no Brasil em direção ao crescimento e à sustentabilidade.

“Chegou a hora de dar a oportunidade de o brasileiro saber. O brasileiro também pode”, afirma.

O trabalho dele é um testamento do legado duradouro da espiritualidade africana e o papel vital na formação da identidade cultural e espiritual da diáspora.

À medida que o Brasil continua a abraçar a herança africana, chegamos mais perto do que Adésòólá chama de “reconquista”. É reconquistar a alcunha roubada de um Deus Iorubano, como disse Elza Soares.

Preservação da integridade da tradição Iorubá no Brasil

Toda essa jornada teve grande apoio e orientação do Olúwo (Aràbà) Alàbí Adéwálé Atinúkólá, uma figura importante na caminhada de Adésòólá (Pai Olavo). O Aràbà é o título mais alto dado dentro da tradição Iorubá – representa a autoridade máxima em Ifá e na religião.

Inclusive, Olúwo (Aràbà) Alàbí Adéwálé Atinúkólá é o único Aràbà no Brasil reconhecido pelo povo africano. Alàbí passou um período na Nigéria onde aprendeu sobre a cultura e as tradições Iorubá. Com anos de experiência dedicados à preservação e disseminação dos rituais africanos.

Agora juntos, Alàbí e Adésòólá estão trabalhando para estabelecer uma presença Ogbóni robusta, apoiada por uma comunidade dedicada a preservar a integridade da tradição Iorubá no Brasil.

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