Policial preso tem tia corregedora e acreditava estar acima da lei

São Paulo — O chefe de investigações Eduardo Monteiro, preso nessa terça-feira (18/12) em uma ação conjunta da Polícia Federal e Ministério Público de São Paulo (MPSP), acreditava estar acima da lei pelo fato de ser sobrinho da corregedora-geral da Polícia Civil, Rosemeire Monteiro de Francisco Ibanez.

A informação consta no pedido de prisão contra ele e outros policiais, obtido pelo Metrópoles, os quais formam, de acordo com a Promotoria paulista, um núcleo criminoso que atuava em parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, afirma, no pedido de prisão encaminhado à Justiça, que Eduardo Monteiro não temia “qualquer investigação” por parte da Corregedoria da Polícia Civil, “uma vez que sua tia seria corregedora, dando a entender que ele tem plenas condições de influenciar eventuais investigações de infrações funcionais”.

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Fábio Baena e Rogerinho foram alvo de mandados de prisão nesta terça (17)
Rogerinho se diz segurança do cantor Gusttavo Lima
Rogerinho é citado em delação de Antonio Gritzbach
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Rogerinho em despedida da Delegacia de Homicídios

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Rogerinho se diz segurança do cantor Gusttavo Lima

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Rogerinho é citado em delação de Antonio Gritzbach

Além disso, como já mostrado pelo Metrópoles, Eduardo Monteiro estaria envolvido na retirada do nome de suspeitos de um inquérito policial que investigava o assassinato de dois membros do PCC, crime pelo qual também era investigado o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach — executado no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região metropolitana, em 8 de novembro.

Antes de ser assassinado, Gritzbach fez um acordo de delação premiada, prestando depoimento que foi usado para investigar e prender Eduardo Monteiro e mais três policiais civis — o delegado Fábio Baena, o chefe de investigações do Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Cerco), da 5ª Delegacia Seccional, Marcelo Marques de Souza, e o investigador Marcelo Roberto Ruggieri.

Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, policial civil cuja prisão também foi decretada, nessa terça, estava foragido até a publicação desta reportagem.

Extorquindo o PCC

O caso em que livraram suspeitos do duplo homicídio não seria isolado, de acordo com a Promotoria paulista. “Há indícios de que o investigado teria extorquido outros criminosos do PCC para que eles não fossem investigados por crimes de homicídios”, de acordo com o pedido de prisão.

As ações criminosas de Eduardo Monteiro, investigadas pelo Gaeco, ocorreram  no período em que ele coordenava investigações do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), e eram compartilhadas “em conversas de natureza duvidosa” com outros policiais “já conhecidos da Justiça”.

O parentesco com a corregedora-geral não impediu, como acreditava Eduardo Monteiro, que ele fosse preso nessa terça-feira, apontado como integrante de uma organização criminosa envolvida em homicídios, lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública e “outros delitos de extrema gravidade” — como ressalta o juiz Paulo Fernando Deroma de Mello, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

Foi ele quem determinou a prisão dos policiais e outros investigados, entre eles integrantes do PCC.

Propina de R$ 11 milhões

O delegado Fábio Baena, de acordo com a delação de Gritzbach, recebeu ao menos R$ 11 milhões de propina para retirar nomes de investigados da apuração do duplo homicídio dos integrantes do PCC. Antes das prisões, ele e Eduardo Monteiro foram afastados de suas funções, após o conhecimento público da denúncia de Gritzbach.

Na casa do investigador chefe do Cerco da 5ª Seccional, Marcelo Marques, policiais federais apreenderam, ainda nessa terça-feira, cerca de R$ 200 mil em dinheiro.

Todos os policiais civis presos foram algemados.

Defesa

Em nota ao Metrópoles, a defesa de Baena e Monteiro afirmou que a prisão foi arbitrária e midiática. “A palavra pueril de um mitômano, sem qualquer elemento novo de prova, não poderia jamais motivar medida tão excepcional”, diz a defesa, em referência a Gritzbach.

“Ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações”, diz a nota. O Metrópoles busca a defesa de Rogério Felício. O espaço está aberto para manifestação.

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Namorada de Gritzbach é influenciadora e já foi candidata a vereadora

Delator do PCC, Vinícius Gritzbach foi executado no Aeroporto de Guarulhos
O delator do PCC Vinícius Gritzbach deixa o aeroporto ao lado da namorada, Maria Helena Paiva
Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi morto no aeroporto de Guarulhos
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Namorada de Gritzbach é influenciadora e já foi candidata a vereadora

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O delator do PCC Vinícius Gritzbach deixa o aeroporto ao lado da namorada, Maria Helena Paiva

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Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi morto no aeroporto de Guarulhos

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Rival do PCC, empresário Vinícius Gritzbach foi morto em atentado no aeroporto de Guarulhos

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Operação policial

A Operação Tacitus, deflagrada nessa terça-feira, cumpriu oito mandados de prisão e 13 de busca e apreensão. O objetivo foi desarticular organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e a crimes contra a administração pública (corrupção ativa e passiva).

Os mandados foram cumpridos nas cidades de São Paulo, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba.

Segundo o MPSP, provas obtidas em diversas diligências revelaram como os investigados se estruturaram para exigir propina e lavar dinheiro para suprir os interesses do PCC.

Os investigados vão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais, cujas penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão.

 

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