Gatos são pets independentes? Especialista diz que não e explica

Os gatos precisam de cuidados e não são tão independentes quanto muitos tutores pensamElvis Ray/Unsplash

É muito comum ouvir alguém dizendo sobre o quanto os gatos são animais independentes e que não precisam de tantos cuidados, em comparação aos cães. Isso é propagado até mesmo por muitos tutores de felinos que, de certo modo, optaram por tê-los como pet acreditando nessa suposta independência. Na verdade, não é bem assim que funciona!

Para esclarecer esse antigo mito sobre os gatos domésticos, o Canal do Pet procurou a bióloga e especialista em comportamento felino, Juliana Damasceno. Segundo ela, esse é um dos maiores mitos em relação aos gatos domésticos e um dos responsáveis pelo crescimento dos felinos como animais de companhia.

“E por que essa independência é um mito?”, começa a especialista, que responde: “Na verdade, o gato não é um animal independente, ele só tem padrões de comportamento diferentes de um cão que exige atividades físicas, como passear, correr, pular. Cães ainda têm um vínculo com o tutor diferente dos gatos, porque são animais sociais.”

A especialista continua: “Quando as pessoas comparam um cão a um gato, elas acreditam que o gato vai dar menos trabalho, porque não precisa sair para passear, ele vai identificar a caixinha de areia, vai usar sem precisar ensinar, e o gato vai querer estar próximo do seu tutor, mas não vai ficar exigindo que seja acariciado, na maioria das vezes — alguns gatos ficam, pois são muito apegados aos seus donos.”

Juliana reforça que o que muitas pessoas pensam ser independência felina é apenas um padrão de comportamento diferente e que, na verdade, os gatos exigem cuidados e precisam de uma rotina.

Outro problema causado pelo “mito da independência felina”, é o tutor pensar que pode deixar o gato sozinho por muitas horas em casa, que pode viajar por alguns dias e que basta deixar uma quantidade maior de ração, e mais uma caixa de areia, que o animal ficará bem sozinho.

“Isso é uma inverdade! Muitos gatos adoecem, ou desenvolvem questões comportamentais simplesmente pela ausência dos tutores”, alerta Juliana. “Existe um apego emocional [de alguns mais, de outros menos] e existe um estresse grande de ter toda a sua rotina alterada pela ausência do tutor.”

A especialista ressalta que, tanto a rotina do dia a dia, quanto em relação a presença e ausência do humano, os gatos precisam de cuidados, de preferência especializados.

“Eles precisam que as necessidades comportamentais dele sejam atendidas. E é por isso que é fundamental o tutor adquirir conhecimento sobre aquilo que o gato precisa para garantir seu bem-estar, físico e emocional”, afirma a comportamentalista.

Juliana destaca ainda que muitos tutores, devido às necessidades dos animais de estimação, evitam sair de casa porque “o gato não ficará bem”.

“Muitos tutores chegam a esse extremo, de não querer sair de casa por achar que o gato não ficará bem sem eles. Na verdade, nós precisamos ensinar ao gato que está tudo bem se ele ficar sozinho por um determinado tempo.”

Segundo Juliana, essa ausência pode ser de 12, 20 ou até, no máximo, 24 horas. Além disso, o recomendado é que o tutor peça ajuda de alguém conhecido que goste e conheça esse gato, se possível, ou, de preferência, que recorra a um profissional especializado, que saberá cuidar desse pet da melhor forma.

Para tutores que vão passar mais de 24 horas ausentes, o recomendado é pedir a ajuda de um profissional especializadoWirestock/Freepik

“Por que especializado? Porque esse gato que está sentindo a ausência do seu tutor, em seu território, pode se sentir ameaçado com a chegada de uma pessoa diferente. E, em um cuidado especializado, a pessoa vai saber como manejar esse gato, como se comunicar, vai saber identificar se o gato está bem de saúde, se está bem comportamentalmente, e vai saber como se aproximar da maneira ideal e criar um contato positivo”, diz a especialista.

Ela acrescenta: “Isso realmente é o que vai fazer valer esta visita, não só pra manutenção dos recursos, como água, caixinha de areia, comida, mas também proporcionar contato humano positivo e estimular o comportamento natural do gatinho.”

A presença de um especialista no período de ausência do tutor também deve  estimular o comportamento de marcação territorial, que o gato precisa realizar (como quando o pet se esfrega em um móvel ou objeto); e o comportamento de caça, que vai promover um grande benefício físico e mental para o pet. No geral, o especialista irá manter o gatinho o mais próximo possível da rotina que ele tem na presença de seu tutor.

“Então, é nesse sentido que o gato não é tão independente assim. Ele precisa de cuidados especializados e, principalmente na ausência dos seus tutores, precisa que essas necessidades também sejam atendidas”, finaliza.

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