Por que sair sozinha ainda é um tabu para tantas mulheres?

Por que sair sozinha ainda é um tabu para tantas mulheres?Beatriz Lourenço

Recentemente, comecei um tour gastronômico por São Paulo. Recebi alguns convites legais para conhecer restaurantes e, taurina que sou, não pude recusar. Nesse deleite de comidas absurdamente incríveis, às vezes não tive companhia. Mas isso nunca foi uma questão para mim, topei sem titubear. Afinal, não é todo dia que se tem uma refeição grátis.

Comecei a perceber que, em alguns lugares, as pessoas ficavam um pouco surpresas: “o que essa blogueira está fazendo aqui, sozinha?”, deviam estar pensando. Confesso que, muitas vezes, gravar com o celular me deixava constrangida. Mas, pavão que sou, a vergonha passava em segundos. Já o espanto das pessoas ao me ver só, não.

Sempre tinha alguém querendo puxar assunto, ou algum cara tentando aproximação — não sei se por piedade ou porque queria companhia. “Pô, cara, pode parecer que estou desesperada ou que sou uma tiazona maluca, mas só quero terminar esse ravióli”, era a minha reação instantânea.

Sou uma mulher de mais de 30 anos, e isso me fez pensar em como as pessoas ainda não estão preparadas para ver uma solteira, bem resolvida, indo a um restaurante legal, tomando uma taça de vinho e curtindo um jantar delicioso em sua própria companhia. Muitas vezes, é melhor do que estar acompanhada de alguém que não para de falar enquanto você só quer degustar seu prato em paz. Concluo que comer um bom atum selado pode ser um ato de rebeldia.

Entre uma garfada e outra, recebi mensagens de seguidoras surpresas com meu “ato revolucionário”. “Meu Deus, você foi sozinha? Queria ter a sua coragem”, me escreveram.

Coragem? Uau! Isso nunca havia sido uma questão para mim. Percebi que, ainda em 2024, muitas carregam essas amarras sociais. Tanto para sair só, quanto para lidar com uma mulher que está sem companhia em algum lugar. Pois estar sozinha pode ser um momento de plenitude. Claro, sair sem alguém não deve ser um martírio, mas proponho esse exercício: sente-se para jantar, vá ao cinema, à academia, viaje por si mesma, vá a uma festa.

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Sem nem perceber, já dei check em todas essas tarefas. Inclusive, aos 20 anos, coloquei uma mochila nas costas e fui para Bangkok, na Tailândia. Ao chegar lá, percebi que poderia ser uma grande loucura, mas engoli seco e viajei maravilhosamente bem.

Hoje, penso que talvez tenha sido arriscado demais (sendo mulher, é sempre bom ter cuidado redobrado), mas aos vinte e poucos foi uma bela aventura. Inclusive, alguns homens, percebendo que eu estava passando por uma situação de machismo, se colocaram à disposição para me ajudar. O que me fez também refletir sobre precisar ter uma figura masculina ao lado para ser vista como ser humano.

Voltando à beleza de estar só, concluí como sou livre — e como me sinto feliz com isso. Sinto pena daqueles que emendam um relacionamento após o outro porque não suportam a solidão.

Essas pessoas perdem a chance de conhecer a si mesmas. E, aqui, minha intenção é instigar a curiosidade em você, leitora desta coluna, e mostrar que há mais de um caminho. Se ainda hoje sair sozinha é um questionamento, saia. Quebre essas amarras. Confie em mim: é uma delícia. Não tem clichê social que resista ao enfrentar uma mulher que entendeu a paz de estar na própria companhia.

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