O dilema do Tiggo 8

O dilema do Tiggo 8Eduardo Rocha

Disputa moderna

Chery Tiggo 8 PHEV é tecnológico, mas perdeu vendas para os novos chineses

com Jonathan Miranda

Autocosmos.com/México

Exclusivo no Brasil para Auto Press

Os veículos chineses vêm se firmando mundo afora no mercado de automóveis elétricos e híbridos, com ganhos de participação às vezes retumbantes na indústria automotiva. No Brasil, no entanto, acontece um fenômeno bem peculiar. Por aqui, há marcas chinesas novas e antigas que atuam nesses segmentos, sendo que as recém-chegadas BYD e GWM vêm deixando cada vez menos espaço para as antigas Chery e JAC. E isso fica bastante evidente com o desempenho obtido pelo Chery Tiggo 8, um SUV híbrido plug-in, ou PHEV. A média de vendas do modelo vem caindo numa proporção inversa ao crescimento do mercado. O Tiggo 8 tem a vantagem de ser o único nesse segmento com a oferta de sete lugares, mas o preço de R$ 259.990, mais alto que os SUVs PHEV de entrada das marcas rivais, é um ponto complicador.

O modelo estreou no Brasil em setembro de 2022 e com apenas quatro meses de mercado virou líder entre os PHEV (Plug-in Hybrid Eletric Vehicle), com 1.941 unidades (média de 435/mês) e participação de 16,9%, seguido por Volvo XC60, que pertence à chinesa Geely. Em 2023, o modelo emplacou 4.605 exemplares (384/mês) com participação de 13,9% e ficou em terceiro nesse ranking, atrás do BYD Song Plus e do GWM Havel H6. Em 2024, a coisa ficou um pouco mais séria. Até novembro, as vendas acumularam 2.366 unidades (112/mês em média) e o modelo ficou em 6º lugar, com 4,4% de participação. O mercado total de PHEV foi de 11.500 unidades em 2022, passou para 33 mil em 2023 e está projetado para os 60 mil emplacamentos em 2024, sendo 90% de SUVs.

Essa perda de desempenho do modelo da Chery se deve muito mais ao espírito novidadeiro e modista do consumidor brasileiro do que propriamente às qualidades ou limitações do modelo importado pela Caoa. Ele ainda é um modelo razoavelmente moderno e ainda tem um desenho atual, apesar de ter sido apresentado um novo visual na China, onde se chama Tiggo 8 Plus II. Plataforma e motorização dessa “nova geração”, no entanto, são exatamente as mesmas do Chery Tiggo 8 Pro PHEV avaliado. E, de modo geral, a silhueta e o interior do Tiggo 8 Pro PHEV mantêm o toque contemporâneo, assim como a proposta visual na cabine, atendendo também às demandas do segmento.

Em relação a equipamentos, o Tiggo 8 vendido no Brasil é bem completo. Ele traz abertura do porta-malas por sensor de movimento, chave presencial para travas e ignição, abertura e fechamento do porta-malas à distância, ar-condicionado dual zone, bancos dianteiros com ajustes elétricos, ventilação e aquecimento, câmera 360° e sensores dianteiros e traseiros, carregador por indução, modos de condução Sport e Eco, sensor de chuva, teto solar panorâmico, faróis full led adaptativos, seis airbags e diversos outros recursos.

O pacote de segurança ADAS, chamado de Max Drive, é o padrão par ao segmento: alertas de colisão frontal, de tráfego cruzado e traseira, frenagem automática de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, monitoramento de faixa, piloto automático adaptativo integrado com assistente de congestionamento, farol alto automático e monitoramento de ponto cego (BSD) Prevenção de saída de faixa.

O SUV possui um motor a gasolina turbo de 1.5 litro de 147 cv que conta com o suporte de dois motores elétricos, em cada roda do eixo dianteiro (não se trata de um SUV com tração integral). Um fornece 95 cv (70 kW) e o outro 75 cv (55 kW). No final, a potência gerada chega a 317 cv e 56,6 kgfm de torque, gerenciado por um câmbio CVT com 11 marchas pré-programadas. O modelo conta com uma bateria de 19,3 kWh e é capaz de rodar no modo puramente elétrico por até 54 km, pelos critérios do InMetro.

Primeiras impressões

Combinado bem-dosado

Com generosos 317 cv e 56,6 kgfm, a condução do Tiggo 8 Pro PHEV é constante, bastante linear e contundente quando solicitado, com um zero a 100 km/h em 7,0 segundos. Mas não é apenas a personalidade elétrica que leva o crédito. A transmissão DHT de 11 velocidades é responsável por tornar a mecânica mais eficiente por meio de uma configuração que, dependendo dos hábitos de direção, pode variar o número de marchas necessárias nos modos de condução, seja por motor a combustão, híbrido ou totalmente elétrico.

A parte elétrica consiste em uma bateria de 95 módulos que ocupa o comprimento e a largura do piso do SUV. Com isso, Chery conseguiu uma distribuição de peso bem equilibrada, compensando o fato de os três motores estarem localizados na frente. No modo totalmente elétrico, a bateria permite atingir até 54 km (o computador do carro, no entanto, trabalha com a lógica de 75 km do ciclo europeu WLTP). Os auxiliares de recarga são a inércia do motor e a frenagem, ambos com níveis ajustáveis diretamente na tela da central multimídia, que é integrada ao painel digital e têm somados 24,6 polegadas.

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