Espetáculo: Tartarugas marinhas fazem ninhos no litoral do Piauí

O Piauí é o estado brasileiro que tem o litoral menos extenso. São apenas 66 km. E, ainda por cima, fica espremido entre duas áreas muito badaladas para o turismo no país: os famosos Lençóis, uma área de dunas no Maranhão, e a Praia de Jericoacoara, no Ceará.
Apesar disso, é o litoral piauiense que recebe três das cinco espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil. Em dezembro e janeiro, elas fazem ninhos para a reprodução.
Alguns ninhos acabam ficando perto de bares montados na areia e bastante movimentados. Por isso, um isolamento é feito para a proteção dos ovos até o nascimento dos filhotes.
São espécies que migram de longe para desovar em municípios costeiros do Piauí. Elas chegam de locais frios e distantes em busca de praias tropicais. E formam ninhos na areia.
As praias piauienses estão na rota das tartarugas, que todos os anos proporcionam um espetáculo da Natureza aos banhistas e comerciantes da região.
Uma das cidades costeiras mais procuradas no Piauí é Luís Correia, de 30 mil habitantes. Suas praias recebem muitos turistas e, nos meses de dezembro e janeiro, se tornam berçário de tartaruguinhas.
As praias mais movimentadas de Luís Correia são Atalaia e Coqueiro. Mas o município também tem as praias Peito de Mola, Itaqui, Arrombado, Carnaubinha, Maramar e Macapá.
Quando as tartarugas nascem, elas vão percorrendo a areia em direção ao mar. Um movimento que atrai o olhar pela singeleza e que encanta os visitantes.
Mas há um problema. É que, além de caminhar e se banhar, turistas usam carros e motos para se divertir na faixa de areia das praias. E ocorrem casos de atropelamento das tartaruguinhas.
Pesquisadores do Instituto Tartaruga do Delta costumam visitar o local para monitorar os ninhos, acompanhar a eclosão dos ovos e tentar evitar acidentes na caminhada das tartarugas até a água.
A prefeitura de Luís Correia informou que uma portaria municipal proíbe o trânsito de veículos na praia e que existe fiscalização, com ajuda do ICMBio e da Polícia Militar. Mas, ainda assim, pessoas aproveitam os períodos sem fiscais para burlar as normas.
O Instituto Tartaruga do Delta destaca que, entre as espécies no local, a tartaruga-de-couro também vem ao Brasil, mais especificamente ao Piauí, para a desova.
Segundo os pesquisadores, essa espécie – que vem nadando desde o Canadá até o Brasil – é ameaçada de extinção.
Desta vez, a tartaruga-de-couro recebeu até um chip para que estudos possam ser feitos sobre o seu percurso.
A tartaruga-de-couro é a maior espécie de tartaruga que existe. Ela pode ter até 2,2 metros de comprimento e pode chegar a 700 quilos.
Seu nome se deve à sua aparência, que tem uma textura de couro. Essa tartaruga tem crânio forte, cabeça parcialmente retrátil e garras reduzidas.
As extremidades da tartaruga-de-couro são em forma de nadadeira e a espécie pode atingir uma velocidade de até 35 km/h no oceano.
O acasalamento ocorre no mar e os machos nunca saem da água. As fêmeas é que vêm à areia da praia para colocar os ninhos.
Uma curiosidade – que tem a ver com o equilíbrio das espécies na cadeia alimentar – é que a tartaruga-de-couro é uma grande predadora de águas-vivas.
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