Após morte do filho, Zé Vaqueiro faz balanço de 2024: ‘Resiliência’


Neste ano, em meio ao drama familiar, cantor também completou o lançamento das faixas do primeiro DVD da carreira: ‘Demorou, mas saiu do jeitinho que eu queria.’ Zé Vaqueiro faz balanço de 2024, reflete sobre perda do filho e fala sobre gravação de DVD
Zé Vaqueiro estourou no Brasil em 2021, ano em que apareceu entre os artistas mais ouvidos do país nas plataformas digitais. Mas só agora, em 2024, lançou seu primeiro DVD, intitulado “Ser tão Eu”.
A demora se deu porque Zé gosta de participar de todas as etapas da gravação, mas por causa da correria na agenda de shows e as turbulências do cotidiano, não conseguiu encontrar uma data.
“Surgiu [uma data] no começo do ano. A gente ia ter uma folga. Aí começou a missão impossível pra ir atrás das músicas. A gente fez vários campings de composição com vários compositores envolvidos”, explicou Zé em entrevista ao g1.
“Demorou, mas saiu do jeitinho que eu queria, contando a minha história, contando a minha essência e falando muito de amor.”
Apesar de ter conseguido encaixar a data na agenda, a gravação, realizada em janeiro, não aconteceu exatamente em uma pausa nas tais turbulências do cotidiano. Nem mesmo os lançamentos das faixas, feitas pouco a pouco no decorrer do ano.
Zé Vaqueiro
Divulgação
Ao longo de todo esse período, Zé enfrentava um drama familiar com seu segundo filho, Arthur, que nasceu em julho de 2023 com uma malformação congênita decorrente da síndrome da trissomia do cromossomo 13 — também conhecida como síndrome de Patau. Casado com Ingra Soares, Zé também é pai de Daniel, de 4 anos.
Após nascer, Arthur foi direto para a UTI, tendo alta do hospital somente em maio de 2024. Em julho, pouco antes de completar um ano, o bebê morreu.
Sendo assim, Zé produziu e gravou o DVD entre visitas ao filho no hospital.
“Foram alguns dias que eu me dediquei à minha vida profissional. Mas também eu estava muito dedicado à minha vida pessoal. Tava indo para o hospital direto com a minha esposa, auxiliando ela, e ela me auxiliando também, me dando força para ter cabeça para fazer o DVD, para ter essa força para fazer a catraca girar do DVD.”
“Porque querendo ou não, a maria fumaça é o artista, que faz todo mundo ali vibrar, que faz todo mundo ali entregar isso. E aí eu tinha que estar sempre com esse gás em casa e gás no trabalho.”
Entre a realização da gravação do primeiro DVD e a morte prematura do filho, Zé define seu ano de 2024 com uma palavra: “Resiliência”.
Após uma pausa emocionada, ele segue:
Zé Vaqueiro publicou foto do filho com síndrome rara em 2023
Redes Sociais/Reprodução
“E de muita fé em Deus, né? A gente tem que viver o hoje, fazer o melhor hoje, se preocupar com o hoje, com o agora. Às vezes, a gente coloca muito a nossa cabeça, o nosso coração, no amanhã ou no daqui a um mês ou no daqui a seja lá, quantos dias, meses ou anos. E a gente deixa de viver o agora, com as pessoas que a gente ama, no momento que a gente está.”
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‘Eu escolheria você’
Embora não seja composta por Zé Vaqueiro, a música “Eu escolheria você” é um dos destaques do DVD “Ser tão eu”.
Escrita por Felipe Dimas, Gabriel Leão, Helton Lima, Renne Fernandes e Wid Mendes, a música celebra a chegada de um filho. Em um dos trechos da música, Zé canta:
“Ver o Zé Vaqueiro top 1 do mundo inteiro
Mas se Deus me pedisse pra escolher
Eu escolheria você
Eu escolheria você
Meu filho, minha vida
Seja bem-vindo à sua família”
Zé conta que a escolha da faixa para o álbum foi feita durante um dos campings de composição.
“Eu me emocionei muito quando eu escutei. Ela soou muito especial, porque realmente aconteceu, o Arthur foi para casa e tudo, então a gente viveu aquilo”, conta Zé.
Ele explica que decidiu manter a faixa no álbum mesmo após a partida do filho poque a música “passou tanto a minha verdade como a verdade de muitos pais, que tem a chegada do primeiro filho, que tem essa ansiedade da chegada do primeiro filho. E filho é benção”.
“Então, de certa forma, eu não pensei só em mim, mas também em todo mundo que iria escutar, todo mundo que tem o prazer e a benção de Deus de ser pai e saber o que é a chegada do filho em casa. Acredito que essa verdade da canção não mexe só comigo, mas com muita gente também, muitas famílias.”
Cadê o Zé Vaqueiro compositor?
Zé Vaqueiro durante gravação de seu primeiro DVD, “Ser tão Eu”, em janeiro de 2024
Divulgação
Zé, que começou sua carreira como compositor, assina apenas uma entre as 20 músicas do álbum. Ele chegou a escrever outras sete para o disco, mas apenas “Vai na reboladinha” foi selecionada. Zé conta que a música foi feita em cerca de três minutos e que seu filho, Daniel, gosta muito do “agito” da canção.
Além disso, ele explica que a introdução no solo surgiu em um momento de brincadeira. “O rapaz que estava no teclado estava brincando e colocando solos de videogame. Ele colocou [a trilha] do Mário, de outros jogos, e aí quando ele colocou [a trilha] do Sonic, na mesma hora eu tive um insight e falei: ‘faz de novo esse solo aí. Agora bota o piseiro’. E aí começou. Pra você ver como é ligeiro.”
As outras sete músicas compostas por ele seguem guardadas. Uma delas, deve ser gravada por outro artista em breve. Mas Zé diz que, por enquanto, não pode citar quem fará a tal gravação.
Uma outra faixa que segue na gaveta é uma composição feita por ele na época em que sua mulher descobriu que estava grávida de Arthur. “Eu fiz uma música com uns meninos aqui de São Paulo, que ficou muito linda. Exalta a beleza da mulher e o que torna a mulher, no meu ponto de vista, algo que eu não consigo descrevê-la. Algo que eu procuro no dicionário e não consigo achar uma palavra para descrever.”
“Essa música ficou muito linda. Tá guardada, mas eu quero muito lançar, quero esperar o momento certo para lançar. Acredito que Deus está preparando esse momento”.
A regravação de um clássico
Zé Vaqueiro e João Gomes na gravação do DVD “Ser Tão Eu”
Divulgação
Entre músicas inéditas e regravações, Zé Vaqueiro contou com algumas participações em três faixas do álbum: Murilo Huff, Manu Bahtidão e João Gomes. Zé e João são dois dos maiores nomes do forró de vaquejada atualmente. Mas com o feat, demonstraram que não existe rixa entre eles.
“Não tem que ter concorrência. Já que, quem ganha, é o gênero por completo. É o forró, é quem tá vindo, é quem já tá há muito tempo. Eu acredito que essa competitividade, essa rixa, acaba tanto desrespeitando o gênero todo como acaba desrespeitando a minha carreira, a carreira de outro artista, seja lá qual artista for”, analisa Zé.
“E acredito que todo mundo ganha quando a gente faz essa união. E o João também não tem como não gostar dele. Ele é uma pessoa muito especial.”
O disco também traz a regravação de um clássico do forró: “Chão de giz”, de Zé Ramalho. “Uma regravação como ‘Chão de giz’ tem que realmente ter um respeito para fazer ela, de uma forma que quem vai escutar se agrade do que está ouvindo. É uma canção gigantesca, que marcou e marca gerações até hoje.”
Zé, o Vaqueiro, diz que não teve nenhum contato com o outro Zé, o Ramalho. Mas diz que teve a liberação para a regravação. “Ela ficou muito linda, eu já escutei várias vezes. Espero que ele escute.”
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