Rio e Niterói demonstram interesse em sediar o Pan 2031

Rio e Niterói demonstram interesse em sediar o Pan 2031Foto: Divulgação/Beth Santos

A cidade do Rio de Janeiro e Niterói estão cada vez mais próximos de concretizar a candidatura conjunta para sediarem dos Jogos Panamericanos que acontecerão em 2031. Os prefeitos Eduardo Paes e Rodrigo Neves, eleito recentemente, participaram de uma reunião com Neven Ilic, presidente da Panam Sports, e demonstraram o interesse de receber as competições

“A nossa candidatura não é uma aventura. Estamos falando da união de duas das mais importantes cidades do Brasil para realizar o Pan-Americano. Temos plena confiança no sucesso e vamos demonstrar a nossa capacidade conjunta em realizar grandes eventos, como já fizemos com o Pan 2007, a Copa 2014, além dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016”, falou Paes.

A Assembleia Geral em que será definida a sede acontecerá no ano que vem, tendo a Panam Sports o direito de escolha. Ao longo do encontro, Eduardo e Rodrigo falaram ao dirigente esportivo sobre a intenção de dividir a sede entre Rio-Niterói e já adiantaram levarão uma representação oficial ao Comitê Olímpico do Brasileiro com a carta de candidatura na próxima semana.

A partir daí, caberá ao COB, que terá até o dia 31 de janeiro de 2025, escolher qual será o representante do Brasil na luta pela candidatura dos Jogos Panamericanos de 2031. Afinal, a cidade de São Paulo, também já demonstrou, oficialmente, o seu interesse em receber o evento.

“Na próxima semana, vamos formalizar a carta de intenção. Será muito bom para o Brasil, para o esporte e o desenvolvimento de nossas cidades e do estado do Rio” garantiu Neves.

Histórico da candidatura

Rodrigo Neves, que foi eleito prefeito de Niterói, foi o responsável pela ideia da candidatura conjunta na última semana. Juntos, fizeram uma reunião virtual com a direção do Comitê Olímpico Brasileiro na segunda-feira, 25. Nela, ficou combinado que Rio e Niterói irão formalizar a pré-candidatura ao COB na primeira semana de dezembro.

O documento contará com as assinaturas de Eduardo Paes, como prefeito reeleito, e de Rodrigo Neves, que venceu as eleições municipais de outubro pela terceira vez. Posteriormente, a dupla entrará na ‘luta’ pela sede junto com São Paulo e Assunção (PAR).

Otimistas, o secretário de Esportes do Rio, Guilherme Schleder, e a vice-prefeita eleita de Niterói, a atleta olímpica Isabel Swan, vão elaborar o projeto e apostam na experiência acumulada ao longo dos anos com a realização de eventos esportivos. Paes, por sua vez, é cauteloso sobre as chances.

“Ainda estamos avaliando”, afirmou Paes.

“Rio e Niterói se complementam em infraestrutura e belezas naturais. E temos uma nova geração de atletas que não competiu em 2007”, disse Neves.

Cartas de apresentação

O principal conflito para o Rio é que haverá uma verdadeira correria para concretizar a candidatura. Até porque, precisará ser oficializada até o dia 31 de janeiro de 2025 com a Panam Sports, que organiza o evento. De acordo com as regras impostas pela entidade, cada país só poderá inscrever uma sede e apresentar cinco cartas, sendo uma do COB, uma da União, uma do governo estadual e das duas prefeituras, para confirmar o interesse em sediar os Jogos.

Segundo as apurações feitas pelo jornal O GLOBO, Eduardo Paes deverá aproveitar seu bom relacionamento com Lula para conseguir a chancela federal com o presidente. Na última terça-feira, 26, Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, estimou que o evento pode ser um atrativo e visibilidade para o estado, que neste ano, já recebeu muitos turista no show da Madonna, e o G20.

“Reconhecemos que é uma grande oportunidade para o Rio, com potencial para fortalecer cada vez mais o calendário esportivo estadual, evidenciando também nossa vocação para acolher atletas e turistas”, admitiu o mandatário.

O COB já adiantou que irá realizar uma assembleia para escolher a sede, caso São Paulo decida entrar na disputa. A única dúvida é se ela acontecerá antes ou depois da chegada do novo presidente, Marco La Porta, que venceu a eleição do até então dirigente Paulo Wanderley.

A prefeitura paulista informou, através de uma nota, que já enviou uma carta de intenções ao Comitê enquanto os Jogos de Paris já estavam ocorrendo. Foi confirmado também, que há uma equipe composta por servidores de várias secretarias que terão a tarefa de planejar o evento.

‘‘No documento, o prefeito Ricardo Nunes colocou a estrutura da cidade à disposição. São Paulo já recebeu grandes torneios esportivos, como a abertura da Copa do Mundo de 2014, possui estrutura para sediar o evento, que contará com modernização para atender toda a população e turistas”, conta o ofício.

Esta já é a segunda vez que São Paulo se candidata para sediar o Pan. Recentemente, a capital paulista chegou a manifestar interesse de sediar o evento que acontecerá em 2027, logo após Barranquilha, desistir da sua candidatura. Porém, como não houve uma oficialização, Lima, capital peruana que já havia recebido os Jogos Panamericanos de 2019, venceu a disputa com Assunção por 28 votos a 24.

Caso o COB escolha a dupla, Rio e Niterói terão que fazer um aporte de US$ 50 mil (valor equivalente a R$ 290 mil) à Panam Sports, que possam se reembolsáveis caso percam. Ambos os municípios terão um prazo até o dia 30 de abril para apresentarem um dossiê de candidatura, colocando detalhadamente, onde aconteceriam as competições e a nova vila olímpica. Além disso, precisará ter capacidade suficiente para receber de 6,5 mil a sete mil hóspedes, entre árbitros, atletas e técnicos .

A definição de onde acontecerá o evento está prevista para acontecer entre os dias 6 e 7 de agosto de 2025, numa assembleia da Panam Sports, na cidade de Assunção. Uma das esperanças é criada em cima de Isabel Swan, vice-prefeita eleita, que pode ser decisiva na escolha. Afinal, è ela que atualmente comanda o comitê executivo dos atletas da entidade.

Estádios

Guilherme Nogueira Schleder, atual Deputado Estadual do Rio de Janeiro, conta que o Rio já considerava a possibilidade de organizar uma nova edição do Pan há dois anos. Segundo ele, o evento tem um grande potencial atrair turismo e, consequentemente, trazer renda.

Niterói tem áreas atraentes que podem receber eventos, como o Caminho Niemeyer e o Caio Martins. E a vantagem do Rio é a possibilidade de aproveitarmos várias instalações construídas ou reformadas para o Pan-Americano e a Olimpíada em um novo evento internacional. Isso inclui instalações do Exército em Deodoro, o Parque Aquático Maria Lenk, o velódromo e duas arenas remanescentes da Olimpíada: o Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, e o Estádio Nilton Santos” enumerou Schleder.

“Há ainda equipamentos do governo do estado, como o Maracanã e Maracanãzinho”, completou.

A localização das arenas está prevista para ser definida até o mês de abril. De acordo com a apuração do O GLOBO, uma das ideias em debate é a eventual reconstrução do tradicional palco das provas de atletismo no Maracanã, o Célio de Barros, que já está desativado há cerca de 11 anos.

Por outro lado, a instalação em estado mais crítico é o da vila olímpica. Uma alternativa, seria utilizar um empreendimento localizado na Zona Portuária do Rio, para revitalizar a região.

Existem especulações de que Niterói possa receber as provas náuticas, por conta de sua tradição. A principal delas, é a vela com a família Grael e Isabel, que ficou com a medalha de bronze na Olimpíadas de Pequim em 2008, se sagrando, assim a primeira medalhista olímpica feminina do Brasil nesta modalidade.

“Independentemente de a vela ser no Rio ou em Niterói, o importante é que será na Baia de Guanabara”, brincou Isabel.

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