Capivaras ganham ‘tatuagem’ de coração para indicar que foram castradas, em Campinas


Raspagem de pelo ajuda em monitoramento pós-cirúrgico de animais que passaram por procedimento. Capivaras ganham “tatuagem” de coração para indicar que foram castradas, em Campinas
Prefeitura de Campinas
As capivaras da Lagoa do Taquaral, em Campinas (SP), ganharam “tatuagens” de coração durante a campanha de esterilização realizada pela prefeitura. A tatuagem é uma raspagem do pelo dos animais que passaram pelo procedimento cirúrgico e auxiliam no monitoramento.
A ação faz parte do plano de manejo dos animais iniciado em setembro deste ano. O plano pretende fazer o controle populacional do animal que é um possível hospedeiro da doença transmitida pelo carrapato-estrela.
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Segundo a prefeitura, a raspagem ajuda a reconhecer as capivaras que já foram castradas a serem acompanhadas pelos especialistas na pós-cirurgia. E após três ou quatro meses os pelos crescem novamente e as marcas externas desaparecem.
“A castração é uma medida que promove o bem-estar dos animais, além de diminuir o risco de transmissão da febre maculosa e, o mais importante, é que todas as capivaras também estão sendo microchipadas, permitindo que sejam acompanhadas por toda a vida”, destaca Rodrigo Pires, gestor ambiental e assessor do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA).
O assessor explica que o parque possui cerca de 100 animais e que até a publicação desta matéria, os procedimentos foram realizadas em 53 capivaras, em três campanhas de cirurgias.
Capivaras na Lagoa do Taquaral
Rogério Capela
Plano de manejo
A Prefeitura de Campinas (SP) iniciou na quinta-feira, 26 de setembro, a castração das cerca de 200 capivaras que vivem em parques públicos da metrópole. A ação visa o combate da transmissão da febre maculosa por meio da redução de nascimentos dos filhotes.
Na fase inicial foi feita a “ceva”, uma estratégia para a captura dos animais que consiste em atraí-los com alimentação controlada, em locais e horários específicos. Depois, a capivara é recolhida e levada para a esterilização.
Os primeiros animais que passarão pelo procedimento vivem no Parque Taquaral, no Lago do Café, no Parque Ecológico e no Parque das Águas.
O Departamento de proteção e bem-estar animal (DPBEA) afirma que ainda “não é possível estimar em quanto tempo será finalizado o processo de captura, de cirurgia, de recuperação e de soltura de cada grupo (e de todos os indivíduos)”.
“Depende das condições climáticas, ambientais e até sociais do grupo. Tem grupo que é manso, está acostumado à presença humana, entra logo no brete, outros são mais difíceis, podem levar semanas para que sejam capturados”, explica Rodrigo Pires, assessor do DPBEA
Os machos serão submetidos a um procedimento de vasectomia, que interrompe o fluxo de espermatozoides por meio do corte de canais que ligam os testículos à uretra; e as fêmeas por uma salpingectomia, uma cirurgia que remove as tubas uterinas.
Capivaras na Lagoa do Taquaral
Rogério Capela
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Capivara e febre maculosa
As capivaras são infectadas pela febre maculosa apenas uma vez na vida e não apresentam sintomas, resistem bem à infecção.
Tomaz Nascimento de Melo
Vale lembrar que a capivara esteve em evidência em Campinas por conta do surto de febre maculosa, em 2023. O animal é o hospedeiro da doença transmitida pelo carrapato-estrela.
“O carrapato é o vetor da doença e a capivara, o hospedeiro. Em outras palavras, a capivara é só o ‘motorista’ do carrapato-estrela, que é o verdadeiro responsável em levar a febre maculosa”, explica Gisela Sobral, coordenadora do Projeto Incisivos, que trabalha na divulgação científica sobre roedores.
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Quais são os sintomas da febre maculosa? Entenda
A relação entre a capivara, o carrapato e a Rickettsia rickettsii, bactéria causadora da febre maculosa, é como um ciclo. Ao ser picada por um carrapato contaminado, a capivara pega a doença e inicia um período de infecção.
A capivara não manifesta sintomas, mas o período é suficiente para ser picada por carrapatos não contaminados que, por sua vez, contraem a bactéria e podem levá-la para outros animais.
A febre maculosa
Febre maculosa é transmitida principalmente pelo carrapato-estrela,
Prefeitura de Jundiaí/Divulgação
▶ O que é a febre maculosa? Segundo o Ministério da Saúde, “a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável”, ou seja: há formas leves e formas graves, “com elevada taxa de letalidade”. Os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças que causam febre alta.
▶ O que causa a doença? A doença é causada, no Brasil, por duas bactérias do gênero Rickettsia, e a transmissão ocorre por picada de carrapato. A Rickettsia rickettsii causa a versão grave e é encontrada no norte do Paraná e no Sudeste. A Rickettsia parkeri leva a quadros menos severos e é encontrada em áreas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, na Bahia e no Ceará.
▶ Quais carrapatos transmitem? No país, são os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente aquele conhecido como carrapato estrela. Mas o ministério alerta que qualquer espécie pode transmitir a febre maculosa, inclusive o carrapato do cachorro.
▶ Dá para transmitir de pessoa para pessoa? Não. A transmissão por contato humano é impossível.
▶ Quais são os principais sintomas? Febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia e dor abdominal; dor muscular frequente; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; e paralisia dos membros que começa nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando problemas respiratórios.
▶ Mas e as manchas? O Ministério da Saúde alerta que, com a evolução do quadro, “é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés”.
▶ Tem tratamento? Sim, com um antibiótico específico. O paciente deve começar a tomar assim que o médico suspeitar da contaminação por febre maculosa, antes mesmo da confirmação do resultado do exame.
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