Pressão alta: quais os 3 medicamentos comuns no dia a dia que podem ser fator de risco para a hipertensão


Médico explica que doença é silenciosa e maioria tem sem diagnosticar. Ainda alerta que medicamentos comuns do dia a dia podem aumentar a pressão arterial sem que você saiba. Doença é silenciosa e, muitas vezes, não diagnosticada
Reprodução/Bom Dia Brasil
Silenciosa e perigosa, a hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, está por trás das maiores causas de morte no país. Segundo os médicos, a doença é um desafio para o diagnóstico porque na maioria dos casos não manifesta sintomas. Com isso, os médicos alertam para medicamentos comuns no dia a dia, mas que podem colocar a saúde do coração em risco.
🫀 A doença é caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. É considerada hipertensão se, de forma persistente, a pressão sistólica for maior ou igual a 140 mHg e/ou a pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg, o famoso 14 por 9.
O único jeito de diagnosticar é acompanhando a pressão arterial, o que não é um hábito tão comum. Por isso, a doença passa despercebida em muitos pacientes, o que é extremamente perigoso, já que a hipertensão está presente em até 60% dos casos de infarto e 80% dos casos de AVC.
Com isso, médicos alertam para medicamentos que fazem parte do dia a dia do brasileiro, mas que podem ser um risco para quem tem a doença e não sabe.
São eles:
💊 Anti-inflamatórios como nimesulida, o remédio mais vendido no Brasil, e o ibuprofeno, usado em medicamentos para cólica menstrual, entre outros;
💊 Descongestionantes nasais com corticoide, principalmente para quem tem o vício no uso desse tipo de medicamento;
💊 E até o anticoncepcional hormonal com estrogênio.
Pressão alta atinge mais de 30 milhões de brasileiros e mortes aumentam 70% em 10 anos
Como isso acontece?
Anti-inflamatórios
Um grupo de medicamentos bastante usado pela população para aliviar dores comuns, como dor de cabeça e dor na coluna, são os anti-inflamatórios.
Entre os mais conhecidos estão: nimesulida – que é um dos medicamentos mais vendidos do país – e o ibuprofeno, que está em remédios populares para dor e medicamentos contra cólica menstrual.
🔴 O problema é que esses medicamentos agem bloqueando uma enzima do corpo chamada COX, responsável pela produção de outra substância: as prostaglandinas. Em condições normais, as prostaglandinas ajudam a dilatar as artérias e regulam o fluxo sanguíneo, mantendo a pressão arterial sob controle.
Ao inibir a enzima COX, o anti-inflamatório impede que as prostaglandinas sejam produzidas adequadamente. Sem essa substância, as artérias acabam contraídas, dificultando a passagem do sangue e aumentando a pressão arterial.
🔴 Além disso, o risco dos anti-inflamatórios é ainda mais preocupante porque eles atuam diretamente no rim, órgão responsável por controlar a regulação hormonal que afeta diretamente a pressão sanguínea.
Os médicos alertam que para quem tem hipertensão e não sabe, eles são considerados de alto risco, mas não só isso. Quem acompanha os níveis de pressão e não tem índices altos, também precisa acompanhar.
“É um medicamento de alto risco para quem tem pressão alta, principalmente idosos. Mas, eu diria que pessoas acima dos 45 anos já devem evitar esse tipo de medicamento e não fazer uso sem indicação médica, principalmente”, explica o médico cardiologista do Sírio Libanês, Matheus Marques.
Uso contínuo do descongestionante nasal pode causar problemas como taquicardia, hipertensão e insônia
Shutterstock
Descongestionantes nasais
Outro grupo muito comum, especialmente nas épocas mais frias, são os descongestionantes nasais. Muitos desses medicamentos têm como princípio ativo o corticoide, uma substância com efeito vasoconstritor— ou seja, ela atua contraindo os vasos sanguíneos no nariz, que é o causa o efeito de alívio rápido da congestão nasal.
🔴 O problema ocorre quando esses medicamentos são usados em excesso ou fora das recomendações descritas na bula. De forma geral, a recomendação é de uso três vezes ao dia.
Quando passa esse limite, o corticoide pode acabar sendo absorvido pela corrente sanguínea, causando a vasoconstrição não só no nariz, mas em todo o corpo. Como consequência, há aumento da frequência cardíaca e elevação da pressão arterial.
“É preciso cuidado porque tem muita gente que tem dependência desse tipo de medicamento, que faz uso de várias vezes ao dia, rotineiramente. Isso é um risco para a saúde do coração”, explica o cardiologista Matheus Marques.
Pílula anticoncepcional também está entre medicamentos de risco
Reproductive Health Supplies Coalition
Anticoncepcional hormonal
Outro medicamento que merece atenção são os anticoncepcionais hormonais, especialmente aqueles que contêm estrogênio.
🔴 Nesse caso, o risco de aumentar a pressão arterial acontece por dois mecanismos principais:
O corpo passa a reter mais líquidos, aumentando o volume sanguíneo;
Com isso, ocorre uma mudança na estrutura dos vasos, que ficam mais apertados — é a chamada vasoconstrição.
Isso não significa que todas as mulheres que usam anticoncepcionais terão aumento da pressão arterial. Isso vai acontecer com aquelas que já têm a doença diagnosticadas ou que não sabem ainda que tem.
“Isso não é motivo para não tomar mais o medicamento em que faz isso com acompanhamento médico. O ideal é acompanhar a pressão arterial junto com a ginecologista e estar atenta às alterações”, explica o médico.
Estudo mostra que emoções positivas ajudam a combater a hipertensão
Se a pressão arterial estiver em 14 por 9 significa que tenho hipertensão?
Não necessariamente. O diagnóstico de hipertensão arterial só é validado após outras medições, em duas ou mais visitas médicas. Se o número se repetir, isso é um diagnóstico positivo para a doença.
O que o cardiologista recomenda é que as pessoas façam visitas periódicas ao médico e mantenham o relacionamento com o especialista para que ele possa acompanhar os níveis. E que seja feita também a medição em casa, com o uso de equipamento, principalmente a partir dos 40 anos.
🔴 Mas, atenção: para medir a pressão você não pode estar com a bexiga cheia, ter praticado exercícios físicos recentemente, ingerido bebidas alcoólicas e café ou ter fumado antes de medir a pressão.
A doença tem como principal fator a genética, mas há outros fatores de risco como: fumo; consumo de bebidas alcoólicas; obesidade; consumo elevado de sal; níveis altos de colesterol e sedentarismo.
Quais são as doenças associadas à pressão alta?
Segundo os especialistas, a pressão alta pode causar uma série de risco à saúde, incluindo:
Doenças cardíacas: aumenta o risco de ataque cardíaco e insuficiência cardíaca.
Acidente Vascular Cerebral (AVC): pode causar AVC isquêmico ou hemorrágico.
Danos aos rins: pode levar à doença renal crônica e insuficiência renal.
Problemas oculares: pode causar danos à retina, levando à perda de visão.
Aneurismas: a pressão alta pode enfraquecer as paredes das artérias, levando a aneurismas.
Demência: pode contribuir para a demência vascular.
“É uma doença que não tem cura, mas tem controle. Quando isso é feito de forma eficaz, com a medicação correta e mudança do estilo de vida, que é importantíssimo, a gente consegue controlar os índices e manter a saúde a longo prazo”, explica o cardiologista Matheus Marques.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.