Júri condena acusado pela morte de líder ambiental a 19 anos e dois meses de prisão


A defesa de Mauricius da Silva deve recorrer da decisão. Além de Mauricius, Vitório Alax Silva Santos também é réu, mas seu julgamento deve ser marcado para o primeiro semestre de 2025. Adolfo Souza Duarte, conhecido como Ferrugem
Reprodução/TV Globo
O júri popular condenou, na noite desta terça-feira (19), Mauricius da Silva a 19 anos e 2 meses de prisão pelo assassinato do professor de história e líder ambiental Adolfo Souza Duarte, o Ferrugem. O corpo do ambientalista foi encontrado na represa Billings, em 6 de agosto de 2022, cinco dias após seu desaparecimento.
Cabe recurso, mas ele aguarda o recurso preso. Ele nega participação no crime.
Além de Mauricius, Vitório Alax Silva Santos também é réu, mas seu julgamento deve ser marcado para o primeiro semestre de 2025.
Em setembro de 2022, a Justiça decretou a prisão de quatro pessoas suspeitas de participação do assassinato. As jovens Mikaelly da Silva Santos e Katielle Souza Santos foram impronunciadas e soltas em fevereiro deste ano. Ou seja, a Justiça não concordou que elas deveriam ser mandadas a júri pelo assassinato. A promotoria está recorrendo.
Para o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), ambos agiram juntos para matar Ferrugem com um golpe mata-leão e ocultar o cadáver, jogando a vítima na represa.
Os réus foram mandados a júri popular em fevereiro deste ano. O júri foi formado por quatro mulheres e três homens, todos jovens e, começou na manhã de segunda-feira (18). Oito testemunhas foram ouvidas.
Entre elas, a legista, que confirmou a morte por asfixia mecânica e lesões no pescoço da vítima, o perito criminal que analisou as provas no barco, e a delegada Jakelline Barros dos Santos. Ela disse que todos caíram em contradições durante a investigação e que por isso participaram juntos do crime.
O perito criminal do caso também disse que o tranco do barco – que foi usado pelos suspeitos para justificar o acidente – só seria possível se houvesse uma aceleração do veículo. E que um simples toque equivocado no manete do veículo, que os réus alegaram que Alax teria feito sem intenção, não ocasionaria o acidente.
Outras duas testemunhas de defesa do acusado foram ouvidas nesta terça, além do próprio réu.
Durante o interrogatório, Maurícius disse, pela primeira vez no decorrer do processo, que viu o amigo Vitório atacar a vítima, pegando no pescoço dele. Afirmou que não havia dado detalhes antes por medo de ser assassinado por criminosos da região.
Walfredo Cunha Campos, promotor do caso, disse aos jurados que Maurícius e Victorio Alax, conhecidos desde a infância, mataram a vítima juntos. “Sem o apoio de Maurícius, esse crime não seria possível”, afirmou durante os debates.
Declarou que ambos estavam interessados nas garotas. Mas que os planos foram evitados depois que uma das jovens começou a dançar com a vítima.
Já a defesa de Maurícius, o advogado Alex Pelisson Massola, chamou a descrição da promotoria de ilação e que ele não teve participação. E reforçou que as duas jovens foram inocentadas. Para ele, o MP mudou de versão para incriminar Maurícius.
“Impor uma condenação para quem merece tá tudo certo. Para quem não merece, não. Um crime severo que pode lhe custar anos na cadeia por aquilo que não fez”, disse o advogado.
Massola disse ainda que a perícia confirmou que não havia sinal de luta corporal.
Mudança de versão
Suspeitos de matar ambientalista Ferrugem participam de reconstituição do caso
O corpo de Ferrugem foi localizado em 6 de agosto de 2022 na represa Billings, no Cantinho do Céu, na Zona Sul da capital. Ele havia desaparecido cinco dias antes, após cair do barco que comandava durante um passeio que ofereceu a quatro jovens (dois homens e duas mulheres).
Naquele dia, os suspeitos passaram a tarde consumindo bebida alcoólica num bar da chamada prainha da Billings. No começo da noite, eles contratam Ferrugem para um passeio de barco pela represa. Mesmo sem saber pilotar, os quatro voltaram no barco, mas sem Ferrugem.
O corpo dele foi encontrado cinco dias depois na represa.
Até 7 de setembro, todos davam a mesma versão, que a morte se tratava de um acidente. Diziam que o ambientalista havia caído do barco com uma das jovens após um “tranco”. Contudo, o laudo do Instituto de Criminalística mostrou que Ferrugem morreu por asfixia e não por afogamento.
Após participar da reconstituição do crime, Mauricius prestou novo depoimento. Segundo a polícia, ele quis falar na ausência de advogados. Às autoridades, o jovem disse que o amigo Vithorio teria atacado a vítima por ciúme. Ferrugem dançava com uma das jovens, Mikaelly, quando ambos caíram na água.
De acordo com o depoimento, eles só caíram porque Vithorio assumiu o comando do barco e causou um tranco propositadamente para que Ferrugem caísse. Mauricius afirmou que Mikaelly e Ferrugem conseguiram subir no barco após a queda, mas enquanto para a frente do transporte auxiliar a jovem, junto com Katielle, o ambientalista teria ficado na parte de trás com o amigo. A partir de então, não teria visto o que ocorreu.
Apesar da mudança de depoimento, as duas jovens e o outro acusado mantiveram a versão de que a morte de Ferrugem foi um acidente. Em 24 de setembro, a Justiça determinou a prisão temporária dos quatro investigados. A polícia utilizou trocas de mensagens entre os suspeitos para sustentar que eles tentaram articular versões.
Para a polícia, Vitório Alax teria sentido ciúme de Ferrugem, que dançava com uma das duas jovens, pela qual ele estava interessado. Por isso, o matou, com o apoio dos três amigos, que inventaram uma história mentirosa, segundo a investigação.

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