Lula cancela coletiva de imprensa e sai do G20 sem comentar operação da PF

Lula adiantou reuniões bilaterais e não concedeu entrevista coletivaReprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou uma entrevista coletiva que daria à imprensa na tarde desta terça-feira (19), após o encerramento oficial das reuniões da Cúpula de Líderes do G20. O presidente deixa a reunião dos líderes sem conversar com a imprensa, no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou uma operação que prendeu investigados de organizar um atentado contra sua vida, em 2022. 

Após reuniões bilaterais com governos, Lula deve retornar para Brasília ainda nesta terça (19).

Explicação

A assessoria do presidente informou que, devido ao adiantamento das reuniões bilaterais com os governos do Japão e Reino Unido, Lula não teria tempo hábil para conceder uma entrevista coletiva — o presidente retorna ainda nesta terça (19) para a capital federal. 

Na manhã de quarta-feira (20), o presidente da República Popular da China, Xi Jinping, realizará visita de estado ao Brasil, em uma agenda oficial em Brasília, na sequência de sua participação na Cúpula de Líderes. O líder chinês será recebido por Lula no Palácio do Alvorada, onde ocorrerá reunião, cerimônia de assinatura de atos, declaração à imprensa e almoço. À noite, deve jantar no Palácio Itamaraty.

Coletiva desmarcada em cima da hora

A coletiva estava marcada para às 14h30 em uma sala de imprensa no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, mesmo edifício onde foram discutidas as sessões entre os líderes globais. foram selecionados cerca de 100 jornalistas, do Brasil e do mundo, para participar presencialmente da entrevista — o canal do governo iria transmitir ao vivo na internet.

Com foco nos desdobramentos das reuniões feitas no G20, a coletiva poderia tomar outro caminho graças à Operação Contragolpe feita na manhã desta terça-feira (19), que mirava os responsáveis por um plano golpista que visava, inclusive, matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes , em 2022.

Os jornalistas chegaram à sala pouco antes das 14h30, horário marcado pela assessoria do governo. Em primeiro momento, foram avisados que a coletiva iria atrasar “cerca de 40 minutos”, motivados pelo adiantamento de uma reunião bilateral entre Lula e o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba.

Por volta das 16h30, duas horas após o horário previsto inicialmente para a coletiva de imprensa, os jornalistas foram informados que o presidente Lula entrou em outra reunião bilateral (com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer). Por causa do ocorrido, o presidente brasileiro não teria tempo para uma coletiva com a imprensa, já que precisava pegar um voo para Brasília.

A operação

Os militares suspeitos de planejar um golpe de Estado presos nesta terça (19) pela PF queriam envenenar o presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. A informação está na decisão do próprio Moraes, que autorizou a operação da PF.

A Polícia Federal descobriu que os investigados planejavam monitorar o deslocamento de autoridades em novembro de 2022, logo após as eleições de Lula. Entre as ações cogitadas pelo grupo, estava a de envenenar o ministro Alexandre de Moraes.

“Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e a chance de baixa [termo relacionado à morte no contexto militar] seria alta”, diz um trecho.

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